Região de solo arenoso e clima quente, o arenito do noroeste do Paraná não é lugar para quem se aventura a plantar soja sem um assessoramento técnico especializado.
Se em períodos de clima normal o cultivo, por ser desafiador, requer a aplicação de tecnologias apropriadas e orientação técnica, o que dirá em meio a uma severa estiagem como a que vem assolando o estado nesta safra de verão 2021/22?
Em busca dessa resposta, o Rally Cocamar de Produtividade visitou na segunda-feira, 20, os municípios de Umuarama, Maria Helena e Tuneiras do Oeste, todos na região do arenito, onde a soja avançou nos últimos anos, impulsionada em parte por arrendatários de outras regiões. A equipe foi acompanhada pelo engenheiro agrônomo Dr. Rodrigo Sakurada, gerente técnico da Cocamar.
“Nós temos os mais variados cenários”, já vai avisando o engenheiro agrônomo Tiago Nascimento, da unidade local da cooperativa em Umuarama. O mesmo cenário se percebe nos outros dois municípios.
Pequenos erros resultam em grandes perdas
A primeira lavoura que se avista às margens de uma estrada rural, entre Umuarama e Perobal, é exemplo claro de um erro recorrente no manejo do sistema. O proprietário gradeou o solo e antes de as sementes germinarem, o local recebeu chuvas que “selaram” a camada superficial do solo além de gerar um aprofundamento da semente. O resultado é que a soja apresenta muitas falhas e, com a estiagem, não se desenvolveu. Além disso, foi recomendado ao produtor o manejo de ervas daninhas na fase pré-semeadura, o que ele deixou de fazer.
Em Tuneiras do Oeste, a equipe encontrou lavouras de soja perdidas no meio de grandes populações de buva, uma erva de difícil controle.
Foi comum também, no geral, ver lavouras morrendo por escaldadura, ou seja, como não há nenhum tipo de proteção do solo, elas não resistem às altas temperaturas do solo, provocadas pela exposição ao sol. “Se a estiagem se prolongar por um período mais longo, muitos produtores do arenito não terão praticamente nada a colher”, disse o agrônomo Tiago Nascimento. As lavouras cresceram pouco e estão perdendo as folhas do “baixeiro” – que definem a produtividade. O momento é crítico, de floração e já em início de enchimento de grãos, período em que a umidade não pode faltar.
Em resumo, verificou-se que princípios básicos para cultivar o arenito foram deixados de lado nas regiões percorridas pelo Rally: nesse solo altamente vulnerável é muito arriscado, de acordo com os técnicos, semear uma cultura sem a devida camada de palha, que vai proteger da erosão, da elevada temperatura da superfície do solo e preservar a umidade por mais tempo após a chuva.
“A perda de potencial produtivo está bem visível em algumas áreas”, avalia o gerente técnico Rodrigo Sakurada. Segundo ele, anos como este acabam promovendo uma “seleção natural” dos produtores, pois em muitos casos, práticas conservacionistas sustentáveis tendem a tolerar melhor as adversidades impostas pelo tempo. E, como foi possível verificar, na região do arenito estas diferenças são mais aparentes. Da mesma forma, arrendatários que fizeram concorrência por terras e inflacionaram o mercado, podem não ter, agora, como honrar seus compromissos.
Quem cuidou mais tem a chance, ainda, de colher bem
Eventualmente, durante a viagem, a equipe se deparou com lavouras em condição praticamente normal de desenvolvimento, como em Tuneiras do Oeste. “São áreas beneficiadas recentemente por chuvas isoladas”, completou Sakurada.
O uso de tecnologias e das melhores práticas podem ajudar as lavouras a resistirem por mais tempo. Foi o que se viu na propriedade do cooperado Gérson Bortoli, em Umuarama. Como neste ano a braquiária semeada no outono não se desenvolveu – devido, também, à falta de umidade – Bortoli cultivou aveia para ter cobertura destinada ao plantio direto da soja. O produtor fez também o manejo de ervas e o que se vê é uma lavoura limpa, ainda com potencial para recuperar-se, caso volte a chover. “Houve perda de produtividade, mas esta lavoura está ainda num estágio bastante satisfatório, quando comparada à região”, comentou o agrônomo Tiago Nascimento.
O mesmo se pode constatar na propriedade de César Formighieri, em Maria Helena, também reconhecido pelo investimento que faz em tecnologias e, a exemplo de Gerson, um histórico de altas produtividades, com presença frequente nos concursos realizados pela Cocamar. “As plantas estão bem engalhadas e emitindo muitas vagens”, notou o gerente técnico Rodrigo Sakurada, completando: “Se a chuva voltar nos próximos dias, ele ainda vai ter uma boa colheita, pois a soja tem a capacidade de retomar seu desenvolvimento e não ter seu potencial produtivo tão comprometido”.
Sobre o Rally
O Rally Cocamar de Produtividade, em sua sétima edição consecutiva, conta com o patrocínio das seguintes empresas: Basf, Fairfax do Brasil – Seguros Corporativos, Fertilizantes Viridian, Zacarias Chevrolet e Sicredi União PR/SP (principais), Cocamar Máquinas, Lubrificantes Texaco, Estratégia Ambiental e Irrigação Cocamar (institucionais), com apoio da Aprosoja/PR, Cesb e Unicampo.
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