Com a inflação anual de dois dígitos e o aperto na taxa básica de juro (13,75%) para contê-la, o endividamento das famílias e a inadimplência chegam a patamares recordes. É o que mostram pesquisas da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Conforme o levantamento da CNI, 19% dos entrevistados deixam alguma conta para o mês seguinte, 3% recorrem a auxílios ou empréstimos para quitar os débitos, 2% precisam entrar no cheque especial para honrar os compromissos e 1% paga o mínimo da fatura do cartão e deixa o saldo para depois.
A maioria ainda consegue encerrar o mês com as contas em dia, mas 44% relatam que quase sempre ficam apertados, sem conseguir economizar nada. Apenas 29% afirmam chegar ao fim de quase todos os meses com alguma sobra em dinheiro. Foram entrevistadas, presencialmente, 2.008 pessoas em todas as unidades da federação entre 23 e 26 de julho.
A pesquisa indica que 60% já cortaram algum gasto com lazer, 58% deixaram de comprar roupas e sapatos e 57% desistiram de viajar nas férias. Os entrevistados também reduziram o gasto com transporte particular (51%), desistiram de comprar ou reformar imóveis (50%) ou adquirir veículos (47%) e suspenderam refeições fora de casa (45%).
Entre os itens cuja percepção de aumento de preço é mais sentida, estão o gás de cozinha, citado por 68% dos entrevistados, e o arroz com feijão (64%). Na sequência, aparecem conta de luz (62%), carne vermelha (61%), frutas e legumes (59%) e combustíveis (57%).
“A aceleração da inflação levou a um novo ciclo de aumento de juros, o que desestimulou o consumo e os investimentos. Ao menos, estamos diante de um cenário de recuperação do mercado de trabalho, com redução do desemprego e aumento do rendimento da população – o que nos dá uma perspectiva de superação, ainda que gradual, dessa série de dificuldades que as famílias estão enfrentando”, avaliou o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
Estadão Conteúdo
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