Tempo estimado de leitura: 3 minutos
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) voltou a considerar o retorno do horário de verão como uma das medidas para enfrentar a crescente demanda de energia elétrica nos horários de pico, especialmente no fim do dia.
A recomendação aparece no Plano da Operação Energética 2025 (PEN 2025), divulgado nesta terça-feira (8). O documento avalia a situação do Sistema Interligado Nacional (SIN) no período de 2025 a 2029.
Segundo o ONS, sem a realização de leilões de potência, o sistema pode enfrentar dificuldades para atender a demanda no fim do dia.
Uma das alternativas consideradas é o despacho de usinas térmicas flexíveis. A adoção do horário de verão pode ser recomendada dependendo das projeções dos próximos meses.
A análise indica que o crescimento da geração de energia no Brasil tem sido impulsionado por fontes intermitentes, como solar e eólica, que produzem menos à noite — justamente quando a necessidade de potência é maior.
A geração solar, somada à mini e microgeração distribuída (MMGD), deve representar 32,9% da matriz elétrica nacional até 2029. Isso tornará a energia solar a segunda maior fonte de capacidade instalada no país.
Com a nova configuração da matriz, o ONS alerta que a operação do sistema exigirá mais flexibilidade, especialmente de hidrelétricas e térmicas, para lidar com as variações de demanda e geração ao longo do dia.
O documento também prevê um aumento de 36 gigawatts (GW) de capacidade instalada até 2029, totalizando 268 GW.
Apesar da necessidade de uso das térmicas, o ONS não recomenda novas usinas inflexíveis ou de acionamento lento. O sistema, segundo o órgão, precisa de unidades com resposta rápida para lidar com oscilações.
Um leilão previsto para 2024, destinado à contratação de potência elétrica, acabou cancelado após uma portaria do Ministério de Minas e Energia revogar as regras do certame.
Caso uma nova portaria seja publicada, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) poderá retomar o processo com base nos documentos já elaborados.
O PEN 2025 também projeta riscos explícitos de insuficiência de potência a partir de agosto de 2026. Esse déficit deve se repetir todos os anos até dezembro de 2029.
Diante do cenário, o ONS considera “premente” a realização de leilões anuais de reserva de capacidade.
O relatório chama ainda atenção para o impacto de novas cargas especiais, como datacenters e plantas de hidrogênio verde, que demandam energia constante e possuem pouca flexibilidade.
Segundo o documento, essas cargas devem receber atenção especial, especialmente no período noturno, em que a dificuldade de atendimento já é maior.