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Donald Trump, aos 78 anos, retorna à presidência dos Estados Unidos nesta segunda-feira (20), marcando o início de um segundo mandato que promete ser ainda mais polarizado.
Quatro anos após deixar o cargo sob a sombra de acusações e a invasão ao Capitólio, o ex-presidente retorna fortalecido, liderando um Partido Republicano alinhado aos seus objetivos e com um discurso mais radical.
Um mundo mais complexo
Desde que Trump encerrou seu primeiro mandato, o cenário global tornou-se mais complexo. A hegemonia americana é desafiada por alianças fortalecidas entre Rússia, China e Irã. Além disso, os EUA estão envolvidos em conflitos globais na Ucrânia e na Faixa de Gaza, cujos desfechos permanecem incertos. Enquanto isso, aliados europeus observam o retorno do ex-líder com desconfiança, destacando os traumas políticos do mandato anterior.
Trump, por sua vez, volta com uma postura endurecida. Segundo análise do cientista político Jonathan K. Hanson, da Universidade de Michigan, o ex-presidente “teve quatro anos para moldar uma estratégia bem definida, com prioridades e políticas prontas para implementação”.
Hanson afirmou à Folha de S.Paulo que Trump planeja mudanças estruturais na administração pública, incluindo a demissão de servidores federais para substituir cargos técnicos por aliados políticos.
A radicalização como marca registrada
O novo mandato também reflete a evolução de um líder que amplificou sua retórica. Trump classificou a invasão ao Capitólio como “um dia de amor” e reforçou a ideia de que o país enfrenta um “inimigo interno” da extrema-esquerda. Ele promete intensificar ações contra imigrantes, com planos de deportações em massa que podem ter impactos profundos na economia americana.
“É um discurso fácil, mas sua implementação será extremamente complexa”, afirmou Hanson, destacando a resistência que pode surgir de estados e setores econômicos dependentes de mão de obra imigrante.
Essa radicalização está evidente até mesmo em seu novo retrato oficial, que abandona o sorriso tradicional dos presidentes americanos para adotar uma expressão austera, em referência à foto policial registrada durante acusações judiciais contra ele.
Novos aliados
Se no passado Trump enfrentou críticas de líderes empresariais, hoje ele conta com o suporte de bilionários do Vale do Silício, incluindo Elon Musk. O presidente Joe Biden chegou a criticar essa aliança, referindo-se a esses empresários como uma “oligarquia de não eleitos” com influência crescente no poder.
Trump também herda uma economia em condições favoráveis, com desemprego e inflação baixos, o que pode facilitar a execução de seus planos. No entanto, as divisões no Congresso podem dificultar a aprovação de projetos mais ambiciosos.
Impactos futuros
A nova fase de Trump representa uma incógnita tanto para a economia quanto para a democracia americana. Hanson avalia que “os efeitos econômicos e sociais das políticas de Trump, caso implementadas, podem ser irreversíveis”. Por outro lado, os impactos sobre as instituições democráticas podem levar mais tempo para serem totalmente compreendidos.
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