Perito que afirmou que a maioria das denúncias de violência são falsas tem medida protetiva contra ele

A medida protetiva foi solicitada pela ex-esposa do perito após episódios de negligência e ofensas. A filha também afirma ter sido vítima de violência psicológica.

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    O médico legista da Polícia Científica do Paraná, Alcimar José Vidolin, que está sendo investigado após afirmar que a maioria das denúncias de violência doméstica feitas por mulheres são falsas, já tinha uma medida protetiva contra ele antes de fazer tais declarações.

    A medida foi concedida em agosto de 2024, após uma de suas ex-mulheres relatar episódios de violência psicológica e ofensas verbais durante o relacionamento. O documento foi registrado na Delegacia de Polícia de Massaranduba, em Santa Catarina, onde o casal viveu por dois anos.

    A mulher, que preferiu não se identificar, afirma que manteve um relacionamento com o perito durante cinco anos, em união estável. Segundo ela, o ex-marido não chegou a agredi-la fisicamente, mas as ofensas verbais e psicológicas eram frequentes.

    “Ele nunca criou uma situação de me bater. Eu também não discutia, ficava em silêncio. Se eu falasse, eram intermináveis as discussões. Porque ele sempre estava certo. Eu ficava em silêncio para evitar coisas mais fortes. Na frente dos outros, era uma pessoa educadíssima, foi isso que me conquistou. Mas era fechar a porta de casa, começava o inferno”, disse em entrevista ao G1.

    A decisão de solicitar a medida protetiva foi tomada após uma situação de negligência por parte de Vidolin, em um dia em que o filho do casal estava doente. O perito não acreditou na gravidade da situação e, ao invés de oferecer apoio, viajou para Curitiba com o único carro da família, deixando a esposa sozinha para cuidar da criança.

    “Ele vomitando, com diarreia forte, chorando, gritando e eu sozinha com meu filho. Internet estava ruim, ninguém me atendia. Liguei para uma senhora que ajudava lá em casa e ela pediu para o genro dela me ajudar. E ele veio, de madrugada, e falou ‘por mim, levamos no hospital’. O meu filho, que tem um pai médico, tive que levar no hospital. O pai negligenciou atendimento para o filho. Isso foi muito dolorido”, contou.

    Após esse episódio, a mulher registrou um boletim de ocorrência e solicitou a medida protetiva. Atualmente, Vidolin tem direito a ver o filho apenas a cada 15 dias, com a condição de não manter contato com a mãe.

    Além disso, a filha de Vidolin, fruto de outro relacionamento, também afirmou ter sido vítima de violência psicológica durante sua infância e adolescência, praticada pelo pai. Por causa disso, ela cortou relações com ele ao completar 18 anos.

    A jovem explica que Vidolin frequentemente fazia ameaças veladas contra a mãe dela.

    “Um exemplo seria que ele era um ‘tigre enjaulado’ e que tinha um menino que ‘cutucava’ ele com um pedaço de pau. Ele me perguntava se eu achava que a jaula ia segurar o tigre por muito tempo e se o menino não ia receber o que merecia”, relatou.

    Em um encontro familiar, Vidolin também teria falado que a maioria das mulheres mereciam apanhar. Isso é especialmente grave, considerando que, como médico legista, ele é responsável por elaborar laudos que analisam se uma pessoa sofreu violência física ou sexual.

    “Meu pai apoia agressão à mulher e declarou num café da tarde, diante da família, que 9 de 10 mulheres merecem apanhar, ao se referir às mulheres que ele atendia no exame de corpo de delito”, disse a filha.

    Essa declaração é semelhante às suas falas nas redes sociais, em que minimizou a violência contra a mulher, alegando que a maioria das denúncias são falsas.

    “90% do trabalho hoje é ‘violência familiar’ e ‘violência contra a mulher’. Por que eu coloco entre aspas? Porque em cada caso verdadeiro tem dezenas de acusações falsas pra vingança, para plantagens patrimoniais e alienação parental […] Cuidado, a tua mulher é teu inimigo. Ela pode destruir você, se ela escolher”, declarou.

    Assista o vídeo completo a seguir:

    A Polícia Científica do Paraná continua a apurar o caso.

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