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O Ministério Público do Paraná (MP-PR) denunciou nesta segunda-feira (28) a médica Carolina Fernandes Biscaia, de Pato Branco (a cerca de 470 km de Maringá), por lesão corporal, estelionato, falsidade ideológica e prática ilegal da profissão.
Segundo a denúncia, a médica é acusada de emitir laudos falsos de câncer de pele e pressionar os pacientes a realizarem cirurgias desnecessárias. Até agora, 38 pessoas apresentaram queixas contra a médica.
A investigação conduzida pelo delegado Helder Lauria apontou que Biscaia utilizava uma abordagem manipuladora com os pacientes.
“Todas as vítimas relataram uma forte pressão psicológica feita pela médica durante a consulta para que fossem realizados os procedimentos tão logo ali no consultório, logo depois que ela dava o diagnóstico”, afirmou o delegado. Esse comportamento, segundo a polícia, gerava medo e urgência nos pacientes, levando muitos a aceitarem as intervenções sem buscar uma segunda opinião.
As denúncias começaram a surgir em março deste ano, quando alguns pacientes começaram a desconfiar dos diagnósticos, especialmente após passarem por cirurgias que não pareciam justificadas. De acordo com o delegado, a médica costumava examinar manchas e pintas e, de imediato, afirmava que poderiam ser cancerígenas. Ela então retirava amostras de pele e supostamente forjava laudos de câncer usando uma máquina de xerox em seu consultório.
Em maio, após a repercussão das denúncias, o Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) decidiu interditar a médica por 180 dias, período em que ela está impedida de atuar.
A médica já havia recebido uma punição do conselho em março, com uma “censura pública” por declarar especializações que não possuía formalmente. Embora Carolina Biscaia se apresentasse como dermatologista nas redes sociais, o CRM-PR informou que, ao consultar o registro, não consta nenhuma especialidade atribuída a ela.
A defesa de Biscaia, representada pelo advogado Valmor Antonio Weissheimer, emitiu uma nota em que afirma que ela não foi ouvida antes da denúncia e que está preparada para esclarecer os fatos. “A minha cliente sequer foi intimada, para exercer o direito ao contraditório”, afirma Weissheimer.
Caso a Justiça aceite a denúncia, Carolina Biscaia poderá responder na esfera criminal pelos crimes mencionados, que, somados, preveem penas severas. O Conselho Regional de Medicina, por sua vez, informou que segue investigando o caso e, se confirmada a violação do código de ética, a médica poderá sofrer sanções adicionais, que incluem até a cassação definitiva do registro profissional.
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