Contagem rápida independente aponta vitória de González sobre Maduro na Venezuela

A metodologia, desenvolvida no Brasil e nos EUA, teve resultados diferentes do que os dados apresentados pelo regime da Venezuela.

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    Metodologia desenvolvida no Brasil e nos EUA contrasta com resultados apresentados pelo regime.

    Uma contagem rápida independente de votos da eleição venezuelana revelou uma vitória significativa de Edmundo González Urrutia sobre Nicolás Maduro, com 66,2% dos votos contra 31,2%. A apuração, divulgada pela jornalista Sandra Cohen no portal G1, contrasta fortemente com os resultados oficiais apresentados pelo regime chavista.

    A metodologia dessa contagem, conhecida como AltaVista, foi desenvolvida por cientistas políticos e estatísticos do Brasil e dos Estados Unidos. Entre os responsáveis pela criação estão Dalson Figueiredo, da Universidade Federal de Pernambuco, Raphael Nishimura e Walter R. Mebane, ambos da Universidade de Michigan. O projeto foi realizado por uma ONG da sociedade civil venezuelana, cujo nome é mantido em sigilo devido a ameaças do regime.

    Processo de coleta de dados

    O estudo baseou-se em uma amostra estratificada de 971 seções eleitorais, selecionadas a partir de um universo de 1.500 centros previstos. A escolha das seções considerou o histórico das votações anteriores, identificando tendências pró-governo ou pró-oposição. De acordo com Figueiredo, a metodologia permite lidar com a ausência de dados através de um algoritmo original, previamente registrado na plataforma Open Science Framework.

    A coleta dos votos envolveu 1.500 agentes locais, que conferiram e fotografaram as atas eleitorais, enviando os dados para uma plataforma central. O processo enfrentou obstáculos significativos, especialmente após o encerramento da votação, quando o regime ordenou a suspensão da entrega das atas aos fiscais independentes.

    Discrepâncias nos resultados

    Os resultados oficiais divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) afirmam que Maduro obteve 51,2% dos votos, enquanto González ficou com 44,2%. No entanto, a contagem rápida independente mostrou uma margem de vitória de González de 34,9%, com uma margem de erro de 0,65%. Essa discrepância, segundo os responsáveis pelo projeto AltaVista, sugere uma manipulação dos dados pelo regime chavista.

    A demora de seis horas na divulgação dos resultados oficiais reforça a suspeita de interferência, de acordo com os analistas envolvidos na contagem independente. O grupo acredita que o regime chavista estava ciente da derrota iminente e tentou manipular os números a seu favor.

    Repercussões

    A líder opositora María Corina Machado, que declarou a vitória de González com base em quatro contagens independentes, reforça a legitimidade dos números apresentados pelo projeto AltaVista. A comunidade internacional aguarda com atenção os desdobramentos dessa eleição, que pode marcar um ponto de inflexão na política venezuelana.

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