Prioridade para 90% dos brasileiros, turismo de experiência conta com atrativos no Paraná

As principais preferências estão em viagens com a família (40%), sozinhos (26%) e aqueles que valorizam passeios a pé (63%).

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    De acordo com pesquisa do Sebrae e TRVL LAB, 32% dos entrevistados gastaram acima de R$5 mil em sua última viagem.

    Uma pesquisa do Sebrae e TRVL LAB revela que 90% dos turistas brasileiros são motivados pelas experiências vivenciadas em suas viagens.

    As principais preferências estão em viagens com a família (40%), sozinhos (26%) e aqueles que valorizam passeios a pé (63%). Além disso, 57% têm interesse em ecoturismo e contato com a natureza, e quase 70% buscam momentos de relaxamento.

    Com destaque no investimento, o levantamento mostra que 32% dos entrevistados gastaram acima de R$5 mil em sua última viagem, com sete em cada dez utilizando cartão de crédito ou débito para as compras.

    Quase 30% dos viajantes brasileiros reservaram suas experiências com um mês ou mais de antecedência, e a grande maioria (77%) usou o Instagram para descobrir as atrações visitadas. Além disso, 56% dos entrevistados compraram ou reservaram suas atividades por meio de sites e aplicativos de agências de viagens.

    No Paraná, uma pesquisa de hábitos de consumo realizada com mais de 2.400 pessoas, pela Secretaria de Turismo do Paraná, entre os meses de maio e junho de 2023, revelou as principais motivações que levam as pessoas a viajar no Estado. A maior parte dos entrevistados (22,5%) viaja com o objetivo de relaxar e descansar, buscando uma pausa da rotina diária e momentos de tranquilidade.

    Em 2022, segundo a pesquisa, 37,8% da população do Paraná realizou entre duas e quatro viagens pelo Estado, enquanto 28,8% fizeram uma única viagem. Uma parcela de 12,2% das pessoas viajaram mais de quatro vezes, e 21,2% não realizaram viagens no ano anterior à pesquisa. Os destinos mais visitados foram Foz do Iguaçu, que atraiu 14,4% dos viajantes, seguido por Curitiba, com 12,2%, e Matinhos, com 7,3%. Outros locais populares incluíram Guaratuba (6,3%) e Morretes (5,5%).

    Segundo a coordenadora de Turismo, Economia Criativa e Artesanato do Sebrae/PR, Patricia Albanez, para os maiores mercados — nacional e internacional — é possível afirmar que existem dois polos principais de turismo no Paraná: no leste, com Curitiba e Litoral; outro no Oeste, em Foz do Iguaçu.

    “Uma região turística que está despontando são os Campos Gerais, com uma série de atrativos privados que estão surgindo e a profissionalização do Parque Estadual de Vila Velha. E nas regiões Norte, Noroeste e Sul, destacam-se as atividades náuticas, de lazer, também criando produtos com a valorização dos ativos e das culturas locais — como experiências que surgem com café, mate e inspiradas na vida rural”, pondera Patrícia.

    Albanez destaca a importância das empresas terem capacitações para as auxiliar na formatação de produtos turísticos de experiência, agregando valor aos negócios e melhorando a oferta turística local.

    “Este é o terceiro ano em que estamos realizando diversas turmas de uma jornada de capacitação, que envolve, além da criação de produtos turísticos de experiência, a distribuição e o apoio à divulgação. Em 2022 e 2023, foram atendidas 12 Regiões Turísticas do Paraná, com 650 empresários, e atualmente temos mais de 180 produtos divulgados no site”, acrescentou.

    Magna e Fátima são proprietárias do Benditto Café Rural, no município de Marialva (Foto: Arquivo pessoa)

    Experiência Rural

    Em fevereiro de 2022, Magna Maria da Silva Gomes e sua irmã Fátima (Tata) abriram o Benditto Café Rural. Foi o primeiro café colonial de Marialva, no Noroeste do Paraná, com pratos feitos com ovos e leite caipira, sem conservantes ou aditivos químicos. Muitas das receitas são heranças familiares, oriundas dos cadernos de sua mãe, avó e tias.

    “Nosso propósito é ‘rememorar’ nossos cafés em família, que sempre foram e ainda são uma ocasião de encontros na casa da nossa avó Albertina. Queríamos criar uma atmosfera que possibilitasse uma maior interação intergeracional nas famílias, porque sabíamos o quão gostoso é reunir a família ao redor da mesa e ouvir as histórias das avós. Nossa avó nasceu em 1919; são tantas histórias que ela conta, como a vez em que os ‘revoltosos’ (é assim que ela chama o grupo de Luiz Carlos Prestes, a Coluna Prestes) passaram pelos arredores da cidade dela, em Minas Gerais, quando ela era criança”, conta Magna.

    Ela lembra que, no início, o café contava com quatro mesas e atendia cerca de 30 pessoas por dia. Em 2023, a oportunidade de participar de uma visita técnica organizada pelo Sebrae/PR ao Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul, permitiu a Magna e Fátima aprender com empreendedores turísticos experientes.

    “Era um desejo e também se tornou nossa missão. Sabíamos das belezas de nossa região e também já sabíamos que as pessoas gostavam muito da nossa culinária. Então quando voltamos dessa visita técnica estávamos com muita vontade de fazer dar certo nosso negócio. Marcamos reuniões com o time do Sebrae, para nos ajudar a criar nossos projetos turísticos e também para aprendermos a gerenciar melhor nossa empresa”, conta a empresária.

    Atualmente, de acordo com Magna, ela e a irmã atendem, em média, 120 pessoas por dia.

    “Temos 30 mesas, realizamos casamentos, e somos referência em café colonial em nossa região”, diz.

    Os sorvetes especiais produzidos pela empresa de Maria Cristina, em Foz do Iguaçu (Camila Agner)

    Sorvetes especiais

    Maria Cristina Ursi Ventura Muggiati, de Foz do Iguaçu, na região Oeste, é a fundadora de uma empresa de sorvetes que comemora 33 anos em setembro. Ela conta que o negócio começou com uma loja de sorvetes artesanais e, devido à demanda, expandiu para fornecer o produto a hotéis e restaurantes, criando também uma fábrica.

    Apesar do processo industrial, de acordo com Maria Cristina, a empresa mantém a essência artesanal em seus produtos, escolhendo cuidadosamente as matérias-primas.

    “Os turistas que chegam a Foz podem desfrutar de sabores nativos que jamais encontrariam em outro lugar, proporcionando uma experiência gastronômica única e inesquecível”, conta a empresária.

    No contexto do turismo de experiência, ela destaca o projeto “Sabores do Iguaçu”, que utiliza frutas nativas da Mata Atlântica, fornecidas por pequenos produtores rurais de agrofloresta. O projeto valoriza a gastronomia e a identidade cultural da Tríplice Fronteira (Brasil, Argentina e Paraguai), além de preservar espécies em extinção, como a palmeira jussara, que é de fundamental importância para o bioma local.

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