A arquitetura das ilusões

Descubra como a arquitetura e o design de interiores podem criar sensações e efeitos que desafiam nossas percepções, como obras de arte.

  • Tempo estimado de leitura: 8 minutos

    Por Arquiteta Adriana Lima

    Você já parou para pensar como a arquitetura, o paisagismo e o design de interiores podem ser usados para manipular os nossos sentidos? Transpondo nossa imaginação para sair daquilo que seria convencionado pela física, simplesmente levando o nosso olhar para uma nova perspectiva.

    Hoje vamos falar sobre como a arquitetura e o design de interiores podem ser usados para criar efeitos e sensações que rompem as nossas percepções quanto às ciências exatas e nos fazem enxergá-los como obras de arte.

    Neste artigo, vamos apresentar obras mostrando como a arquitetura pode brincar com as nossas percepções, alterando até mesmo a maneira como como entendemos os ambientes e estabelecemos relações com o espaço construído.

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    Foto 02 a 05 (fonte: archdaily.com.br): A falsa piscina, do artista argentino Leandro Erlich para o Museu de Arte Contemporânea do Século XXI no Japão, criou uma ilusão de ótica que intriga e diverte os visitantes.

    A Piscina (Japão)

    O que  também poderia ser um projeto de paisagismo em um pátio de pedra calcária no  Museu de Arte Contemporânea do Século XXI, em Kanazawa, é uma falsa piscina (criada em 1999)!

    Esta instalação artística do  argentino Leandro Erlich, cria uma ilusão de ótica justamente por acreditarmos ser uma piscina genuína. E, na verdade, é um espelho d´água, com 10cm de água sobre um fundo de vidro sobre uma sala azul, à qual os visitantes podem ter acesso como se estivessem dentro de uma piscina de verdade.

    Esta instalação proporciona uma vasta experiência aos visitantes, que torna possível ver diferentes perspectivas da obra em um só lugar!

    Foto
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    Foto 06 e 07 (fonte: lopesdias.com.br/museu-dali-hok/#prettyPhoto): O Museu Dalí, do escritório HOK Architects (Flórida), internamente os painéis em vidro triangulares criam um efeito caleidoscópico de luz.

    O Museu Dalí (Estados Unidos)

    Projetado pelo arquiteto inglês Yann Weymouth, do escritório HOK, o Museu Dalí (concluído 2011) em São Petersburg, Flórida, incorpora vários elementos que causam a impressão de ilusão, em referência à obra surrealista do artista Salvador Dalí.

    Os dois principais efeitos utópicos desta arquitetura são: os painéis em vidro triangulares da fachada causam um impacto de caleidoscópico de luz em seu interior e a escada helicoidal, em homenagem à obsessão de Dalí pela forma helicoidal da sequência de Fibonacci, que se torna também um elemento escultural, que vai além de sua funcionalidade.

    A Casa Dancante
    Foto 08 (fonte: lopesdias.com.br/museu-dali-hok/#prettyPhoto): A Casa Dançante em Praga, dos arquitetos Frank Gehry e Vlado Milunić, cria a ilusão de movimento em virtude das suas curvas.

    A Casa Dançante, Praga

    A Casa Dançante (1996), projetada pelo lendário arquiteto canadense Frank Gehry em parceria com Vlado Milunić, foi projetado para ser um centro cultural e ocupar o lugar de outra construção bombardeada em 1945.

    Esta obra ficou conhecida como “Fred & Ginger”, em homenagem aos dançarinos Fred Astaire e Ginger Rogers. Esta obra é um marco da arquitetura contemporânea que causam a impressão de estar em constante movimento.

    As curvas fluídas e as formas sinuosas dos edifícios fazem parecer que os prédios estão dançando, desafiando a rigidez tradicional da arquitetura. Este efeito cria uma ilusão dinâmica e cativante, tornando-se um ponto de interesse para o turismo e a fotografia.

    Capela
    Foto 9 E 10
    Foto 09 e 10 (fonte: www.archdaily.com.br): A Capela Ronchamp do arquiteto Le Corbusier se tornou é um ícone do movimento moderno, e se destacou também por suas nuances de luz natural em seu interior.

    A Capela de Ronchamp, França

    A Capela de Notre Dame du Haut (1950), em Ronchamp, projetada pelo pai da arquitetura moderna Le Corbusier, utilizou formas orgânicas e luz natural para criar uma experiência visual única.

    As janelas assimétricas permitem que a luz entre de maneiras inesperadas, criando sombras e reflexos que mudam ao longo do dia. Esta interação entre luz e arquitetura transforma o interior da capela em um espetáculo de ilusões visuais.

    Galeria
    Foto 11 (fonte: www.nelsonkon.com.br): Galeria Adriana Varejão do o Instituto Inhotim em Brumadinho, a arquitetura paira sobre o espelho d´água que parece flutuar.

    Instituto Inhotim – Brumadinho, MG

    O maior museu a céu aberto do mundo, o Instituto Inhotim, apesar de não ser um único edifício, é um complexo com vinte galerias de arte contemporânea com projetos arquitetônicos extraordinários e jardins botânicos, que utilizam a arquitetura para criar efeitos visuais e sensoriais excepcionais.

    As obras de arte interativas e as galerias projetadas por diversos arquitetos, oferecem uma experiência imersiva que desafia a percepção convencional. A Galeria Adriana Varejão (2008) do arquiteto, Rodrigo Cerviño, abriga as obras da artista Adriana Varejão.

    Sua arquitetura é uma caixa de concreto suspensa em um corte no terreno sobre um espelho d´água, que causam a impressão de que este edifício pesado  pode pairar com muita leveza ao ser refletido sobre o espelho d´água.

    Narcissus Garden
    Foto 12 (fonte: artsandculture.google.com): Narcissus Garden Inhotim (2009) da artista Yayoi Kusama para o Instituto Inhotim em Brumadinho, no Centro Educacional Burle Marx. A ilusão com o efeito de manipulação fica por conta do reflexo das esferas de aço inoxidável, onde cada esfera reflete as outras, resultando em uma repetição infinita de esferas.

    Diante de tantas possibilidades que a arquitetura nos oferece, seja com recursos do próprio projeto arquitetônico, ou incorporando obras de arte, ao utilizar princípios matemáticos, da física, ou simplesmente ao aliar os efeitos de iluminação natural ou elementos como a água, a “Arquitetura das Ilusões” nos mostra que os limites entre o real e o imaginário podem ser tênues.

    Com criatividade e inovação, é possível criar espaços que nos transportam para novos mundos e nos inspiram. Esses exemplos ilustram como os arquitetos podem brincar com as nossas percepções, desafiando-nos a ver além do óbvio e a apreciar a beleza de um mundo construído que é, ao mesmo tempo, real e ilusório.

    Para ler as colunas mais antigas da arquiteta Adriana Lima, clique neste link.

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    Arquiteta Adriana Lima

    Pesquisadora em neuroarquitetura e psicoarquitetura

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    Sites consultados:

    https://lopesdias.com.br/museu-dali-hok/

    https://en.wikipedia.org/wiki/Salvador_Dal%C3%AD_Museum

    https://www.archdaily.com.br/br/01-54311/a-piscina-falsa-de-leandro-erlich

    https://www.ignant.com/2016/01/07/an-illusory-swimming-pool-by-leandro-erlich/

    https://www.ignant.com/2016/01/07/an-illusory-swimming-pool-by-leandro-erlich/

    https://guia.melhoresdestinos.com.br/casa-dancante-tancici-dum-217-6048-l.html

    https://www.archdaily.com.br/br/01-16931/classicos-da-arquitetura-capela-de-ronchamp-le-corbusier

    https://www.nelsonkon.com.br/instituto-inhotim/

    https://www.inhotim.org.br/item-do-acervo/galeria-adriana-varejao-2/

    https://guiaviajarmelhor.com.br/guia-instituto-inhotim-minas-gerais/

    https://artsandculture.google.com/asset/narcissus-garden-inhotim/_gHC30KI1GUjPg?hl=pt-BR

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