Espetáculo ‘A Morte de Ivan Ilitch’ deve levar mais de mil espectadores ao teatro, em Maringá

A última apresentação do espetáculo está marcada para o dia 26 de junho, às 20h, no Teatro Barracão da Bento Munhoz.

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    Depois de um ano da estreia de “Crime e Castigo”, o Núcleo Cênico Oficina das Artes retorna aos palcos com “Fragmentos dA Morte de Ivan Ilitch“, que já levou mais de 800 pessoas ao teatro. Com a última apresentação, espera-se que esse número ultrapasse mil espectadores.

    O projeto começou na Casa de Custódia de Maringá, em junho de 2023. O primeiro espetáculo, baseado no livro “Crime e Castigo“, foi um sucesso, com público de mais de três mil pessoas em 11 apresentações, incluindo festivais, temporadas no teatro e festas literárias.

    Os diretores do projeto, Adauto da Silva e Marco Antonio Garbellini, destacam que este novo projeto inicia uma nova jornada focada na Formação de Plateia e de Novos Leitores, começando por Maringá e região. Após cumprir essa agenda local, o Núcleo Cênico planeja levar o espetáculo por todo o estado do Paraná.

    “Fragmentos dA Morte de Ivan Ilitch” é inspirada na obra de Léon Tolstói. O espetáculo foi adaptado por Claudeir Fidélis, que também interpreta o personagem principal.

    O FETACAM (Festival de Teatro de Campo) já convidou o projeto, a equipe criadora inscreveu o espetáculo para o Festival de Pinhais e aguarda um retorno da Secretaria de Cultura de Maringá para confirma a participação na FLIM – Festa Literária Internacional de Maringá.

    Adauto e Garbellini, viram a necessidade de ampliar esse projeto inicial. Segundo os diretores, a apresentação em si é apenas a “ponta do iceberg”, pois o projeto tem o objetivo de preparar o indivíduo preso para a sua reintegração à sociedade.

    “Existe muitas camadas que fazem parte desse projeto e que compõe a peça. Uma delas é a reinserção social do detento, a outra é a formação de plateia e de novos leitores e a terceira é a qualidade artística, ou seja, o texto, a encenação o trabalho de ator e tudo que compõe o projeto. Sempre pensamos: que tipo de sociedade nós desejamos num breve futuro? Uma sociedade excludente ou inclusiva? E isso, sempre estará presente em nossos projetos.”

    Eles ressaltaram a parceria com o Conselho da Comunidade de Execuções Penais da Comarca de Maringá e o patrocínio da Itaipu Binacional. Sem esses recursos seria muito difícil levar esse público para o teatro.

    Na estreia do espetáculo, o ator e detento Claudeir Fidélis comentou sobre a transformação pessoal que a arte proporcionou em sua vida:

    “O teatro, assim como a literatura, a música, a dança, o esporte, a arte pode transformar a vida de uma pessoa, desde que ela deseje essa mudança. De um ano para cá, tenho acesso à um mundo que eu não conhecia. Hoje leio obras clássicas da literatura, foi permitido a entrada de filmes de artes e vídeos de espetáculos teatrais, assim como o Teatro de Antunes Filho e de Zé Celso, que os diretores deixaram para que eu pudesse assistir, músicas clássicas. Isso tudo tem mudado a maneira como eu vejo a vida.”

    Para o diretor da Colônia Penal Industrial de Maringá, Júlio Cesar Vicente Franco, projetos como esse são essenciais para a ressocialização dos presos. Em entrevista, ele disse:

    “Toda pessoa que está no sistema prisional um dia vai sair, via voltar à comunidade. A polícia Penal do Paraná está empenhada para que, ao sair, o apenado seja muito melhor do que aquele que recebemos. Temos vários projetos para ressocializar, que trazem relevância social e melhoram diretamente a vida dessas pessoas.”

    O vice-diretor da Colônia Penal, Vitor Tadeu Scaramella, explica que o Sistema Prisional do Paraná trabalha com três pilares. São eles: educação, trabalho e religião. Agora, há também um quarto pilar, que é a arte como ferramenta de ressocialização, humanização e formação da pessoa privada de liberdade.

    “No ano passado o trabalho que eles fizeram foi muito bom, ficamos todos surpresos com a qualidade artística que os diretores e os detentos conseguiram chegar. Agora de alguma maneira esse Núcleo Cênico, conseguiu surpreender a todos novamente com esse projeto do Tolstói, e esse trabalho de formação de plateia e de novos leitores que eles iniciaram é incrível, eles conseguem lotar o teatro e os alunos do segundo grau ficam atentos ao espetáculo, no final tem um debate que tem sido de altíssimo nível.”

    Os diretores de teatro Adauto da Silva e Garbellini também vão até as escolas da rede pública, em colégios estaduais e realizam a formação de plateia, que visa estimular o publico a frequentar o teatro e compreender o processo de formação do espetáculo. O objetivo é ampliar o acesso à cultura, educar e sensibilizar o público sobre a importância das artes, e fomentar o hábito de frequentar eventos culturais.

    O Espetáculo:

    “Fragmentos dA Morte de Ivan Ilitch” tem sua última apresentação marcada para o dia 26 de junho, às 20h, no Teatro Barracão da Bento Munhoz.

    A equipe criadora pede para as pessoas chegarem no mínimo quinze minutos antes da apresentação, após o terceiro sinal não será permitida a entrada, pois isso prejudica o andamento do espetáculo.

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