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Em resposta a uma grave crise de gás natural na Argentina, o governo brasileiro agiu rapidamente para evitar um colapso energético no país vizinho, apesar da ausência de diálogo direto entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Javier Milei.
A Argentina vinha enfrentando um frio extremo que não era registrado há décadas, antes mesmo do início do inverno. Com isso, a demanda de gás natural aumentou drasticamente no país para suprir a calefação nas residências.
Segundo a informação divulgada pela CNN Brasil, a escassez de gás na Argentina já começava a afetar a atividade industrial e provocar filas e fechamentos de postos de combustíveis.
No dia 22 de maio, o presidente argentino Javier Milei contratou um navio com 44 milhões de metros cúbicos de gás natural liquefeito (GNL) da Petrobras, como medida emergencial.
Na última terça-feira, 28 de maio, o navio da Petrobras chegou às águas argentinas e se conectou a um barco regaseificador, pronto para o descarregamento do GNL.
No entanto, o documento não continha todos os requisitos exigidos para que servisse como garantia do pagamento. Por esse motivo, a Petrobras recusou a carta de crédito do Banco de la Nación apresentada pela Enarsa (estatal de energia da Argentina) e exigiu um novo documento.
Diante da situação crítica, a diplomacia brasileira foi acionada. O presidente da Enarsa entrou em contato com o embaixador do Brasil em Buenos Aires, Julio Bitelli, enquanto a chanceler argentina, Diana Mondino, solicitou assistência ao ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira.
A situação foi apresentada ao chanceler brasileiro durante um evento comemorativo dos 200 anos das relações diplomáticas entre o Brasil e os Estados Unidos.
Em seguida, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, foi acionado por Vieira e tratou pessoalmente do caso. Após a gestão dos interlocutores com a Petrobras, o problema foi solucionado com a emissão de uma nova carta de crédito, emitida na manhã de quarta-feira (29).
Segundo o governo argentino, o carregamento de 44 milhões de metros cúbicos de gás natural da Petrobras deve normalizar o abastecimento de indústrias, postos de GNV e termelétricas no país.
Em reportagem da CNN Brasil, altos funcionários do governo brasileiro ressaltam que o incidente demonstrou a capacidade dos países de gerir crises, independentemente das diferenças políticas entre os seus respectivos líderes.
Em nota, a Petrobras afirmou que “a operação de venda de GNL entre a Petrobras e a Enarsa ocorreu conforme acordado em contrato. Ambas as empresas atuaram para viabilizar o início de fornecimento, que já está acontecendo, no menor prazo possível”.
Na quinta-feira (30), porta-voz da Casa Rosada, Manuel Adorni, elogiou a articulação e fez agradecimentos públicos à Petrobras e à diplomacia brasileira.
“Temos que saber ser agradecidos e reconhecer quando as coisas saem bem. É uma questão muito sensível, de certa gravidade, com os setores que tinham que se abastecer com gás, a rapidez que houve para solucionar o problema com a famosa carta de crédito. Quando estamos contentes com essas questões, num momento tão crítico, é bom mencionar e agradecer”.
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