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Brincar é fundamental para o desenvolvimento afetivo, cognitivo e social das crianças, além de ser um direito garantido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Em tempos de intensa digitalização, as brincadeiras ganharam um forte concorrente para a atenção das crianças: as telas.
Nesta terça-feira (28), Dia Mundial do Brincar, o Pequeno Príncipe, maior e mais completo hospital pediátrico do Brasil, ressalta a importância de resgatar as atividades lúdicas na era digital.
A psicóloga e gerente do Setor de Voluntariado da instituição, Rita Lous, destaca que o maior problema é o excesso de uso e a falta de orientação sobre as telas. “Cada atividade tem seu tempo adequado no desenvolvimento infantil. Leitura e jogos didáticos na tela podem ser benéficos, desde que usados com moderação. O problema surge com o excesso, que pode expor a criança a conteúdos inadequados e causar conflitos”, explica Rita.
Encontrar um equilíbrioentre o tempo de tela e atividades lúdicas se torna crucial. Nesse contexto, os pais e responsáveis desempenham um papel fundamental ao introduzirem esse tempo de diversão às crianças e incentivá-las a se envolverem nisso.
Dicas para incluir as brincadeiras tradicionais na era digital
Brincadeiras tradicionais são fundamentais para o desenvolvimento cognitivo e motor, bem como para a sociabilidade, que não é plenamente substituída por interações on-line. A interação presencial proporciona experiências valiosas que a tela não pode oferecer, como aprender a lidar com emoções e frustrações diretamente.
Para despertar o interesse das crianças, a psicóloga sugere atividades com argila, tinta e massinha, bem como jogos de tabuleiro, entre outros materiais que incentivem a criatividade, planejamento e organização. A escolha do passatempo deve acompanhar a faixa etária. Além disso, é importante envolver as crianças em todo o processo das brincadeiras, desde a escolha e preparação dos materiais até a execução e organização.
Com a tecnologia muito presente na rotina, vale buscar maneiras de integrá-la de forma complementar e estratégica. Rita dá o exemplo de usar a internet para buscar tutoriais ou receitas de brincadeiras. “Você pode encontrar uma receita de massinha na internet, por exemplo, e assistir com a criança. Ela vai aprender as etapas da confecção da massinha, quais ingredientes são necessários, quais são as texturas dos materiais, como acondicionar, entre outros.”
Opções de brincadeiras
Jogos de tabuleiro: clássicos como dominó, xadrez, dama ou, ainda, jogos de cartas são ótimas maneiras de reunir a família e ensinar habilidades importantes, como paciência e estratégia, e lidar com a vitória e a derrota.
- Brincadeiras ao ar livre: jogos tradicionais como amarelinha, pular corda e pega-pega são mencionados como formas de interação e atividade física. Se forem feitos em ambientes externos, é importante a supervisão de um adulto.
- Atividades artísticas: desenhar e pintar tem poder de relaxamento e desconexão das preocupações, sendo benéficas tanto para crianças quanto para adultos.
- Caça ao tesouro: envolve planejamento, produção de pistas e interação. Isso não só diverte, mas também educa e envolve a criança em um processo criativo e colaborativo.
Brincar e prevenir a violência
Em março deste ano, foi sancionada a Lei 14.826, que institui a parentalidade positiva e o direito de brincar como estratégias para prevenção à violência contra crianças. Ou seja, é um dever do Estado, da família e da sociedade prevenir as violações de direitos e garantir um crescimento saudável de forma integral.
Neste Maio Laranja, o Pequeno Príncipe intensifica as ações da Campanha Pra Toda Vida – A Violência não Pode Marcar o Futuro das Crianças. Maus-tratos e abusos se manifestam por meio de indícios físicos, emocionais e comportamentais. Um deles é desinteresse por coisas de que antes gostava, como brincadeiras. Essa mudança pode indicar também que a saúde mental precisa de atenção redobrada e apoio profissional especializado.
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