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Alunos, professores, profissionais, curiosos, e até desavisados, puderam aprender sobre neurociência e paleontologia na programação do Pint of Science Maringá 2024.
Com o objetivo de aproximar a ciência da população de forma descontraída e acessível, o evento se resume na realização de palestras em locais não acadêmicos e de acesso livre ao público. A ideia é contribuir para a popularização do conhecimento científico.
O Pint é organizado em Maringá por pesquisadores e alunos da Universidade Estadual de Maringá (UEM), aqui na cidade. Mas ocorreu também em outros 178 municípios do País, entre 13 e 15 de maio.
Em Maringá foram apenas dois dias de atividades.
Na terça, dia 14, o público que foi até a Hórus Cervejaria e ouviu histórias curiosas contadas pelo professor Lucas César Frediani Sant’ana, do Instituto Federal do Paraná (IFPR), campus Ivaiporã, e da UEM, sobre o tema: “Você já comeu um Dinossauro hoje?”.
A ideia foi mostrar os rastros e as curiosidades sobre esses animais extintos, além de esclarecer sobre as diferenças entre duas ciências: arqueologia e paleontologia. Em resumo, explicou que a arqueologia estuda os objetos e materiais produzidos pela raça humana para entender a cultura e as civilizações, enquanto a paleontologia rastreia, analisa e descreve plantas, animais, microrganismos e fungos fossilizados com o intuito de aprender sobre a evolução das espécies e do planeta.
Nesta trajetória, o professor chegou aos rastros dos dinossauros, explicando que eles têm parentes que ainda vivem entre nós. As aves são um “tipo” de dinossauro, segundo Sant’ana. A ideia pode parecer um tanto estranha, já que os animais pequenos e plumados que conhecemos hoje se parecem muito pouco com a imagem clássica de dinossauros gigantes com aparência de réptil.
Mas, as aves são uma ramificação de ordens e subordens da superordem chamada Dinossauria. É resultado da evolução de animais bípedes que podiam ser carnívoros ou onívoros, como o T. rex ou os Velociraptors. Essa conclusão é resultado de anos de pesquisa e coleta de dados acerca de semelhanças morfológicas, comportamentais e genéticas destes animais. Assim, Lucas questionou a plateia: “quem comeu um dinossauro hoje? Estou provando um aqui. Um frango empanado”, brincou no palco.
É possível aprender a ser feliz?
As mais de 130 pessoas que estiveram no Atari Bar, na quarta-feira, 15, para o Pint of Science 2024 saíram de lá com a certeza que sim, é possível ‘educar’ nosso cérebro para a felicidade. As professoras doutoras da UEM, Débora de Mello Gonçales Sant’Ana e Linnyer Beatrys Ruiz Aylon, mexeram com corações e mentes (leia-se cérebros) na apresentação do tema instigante desta edição: “Hackeando seu cérebro pra felicidade”.
Os presentes puderam aprender que há décadas que pesquisadores da Neurociência, além de se preocuparem com doenças, estudam quais as formas de se identificar o momento em que ocorre a felicidade no nosso cérebro.
“Até hoje, os cientistas já acharam não um, mas 33 locais no córtex cerebral [a parte de fora do cérebro] em que é possível verificar atividade dos neurônios, a partir de estímulos que remetem à felicidade”, explicou a professora Débora, coordenadora de projetos do Museu Dinâmico Interdisciplinar (MUDI), da UEM, e do projeto de divulgação científica Conexão Ciência – C².
A partir de emoções como prazer, engajamento, gratidão, propósitos positivos e empatia, é possível constatar alterações em uma determinada região. A maioria das reações positivas está no pré-frontal do cérebro, enquanto as negativas aparecem na parte anterior, chamado de córtex cingulado.
E como ‘ensinar’ o cérebro a ser feliz? Para a professora Linnyer, você é o que você pensa. “Por isso, é importante mudarmos nossa forma de pensar o mundo e sobre nós mesmos. É preciso ‘hackear’ nosso cérebro para que ele possa aprender a felicidade”. Ela é idealizadora do Manna Team, projeto que trabalha Educação 5.0 com foco em soft skills, ou seja, habilidades comportamentais e competências que preparam crianças para a felicidade.
“A felicidade é um diferencial competitivo no mundo corporativo, onde é levado em conta a criatividade, além da capacidade de se relacionar no ambiente de trabalho”. As maiores universidades do mundo como Harvard, Stanford e UEM, segundo a professora, já estão ofertando cursos de felicidade, onde são ensinadas técnicas e estratégias para ‘hackear’ o cérebro para bem estar e assim criar um ambiente feliz de dentro para fora da nossa mente.
Maringá
Essa é a terceira edição do Pint of Science em Maringá. Em 2019, antes da pandemia, cerca de 300 pessoas participaram, por dia, durante as três noites, de palestras organizadas em quatro bares da cidade. Em 2023, quando o evento voltou a ocorrer, a organização contabilizou a participação de 500 pessoas nos quatro diferentes bares envolvidos. Este ano, foram mais de 300.
“Os convidados elogiaram os temas e as discussões, que foram excelentes. E já estamos com a agenda fechada para 2025. Nossa programação será entre os dias 19 e 21 de maio, quando vamos promover mais alguns brindes à ciência”, comemorou a coordenadora do Pint, a professora Claudia Bonecker.
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