Pesquisadores incentivam alternativas de alimentação para o gado de corte em Paranavaí

O foco principal foi o uso do sorgo, o grão e a silagem, na alimentação animal. O cultivo da cultura tem crescido na região.

  • O IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural – Iapar-Emater) promoveu nesta semana o II Dia de Campo Integra Arenito, no Polo de Pesquisa e Inovação do Instituto, em Paranavaí. O foco principal foi o uso do sorgo, o grão e a silagem, na alimentação animal.

    O cultivo da cultura tem crescido na região, já que os produtores têm o sorgo como alternativa para alimentar o gado, frente aos altos custos do milho.

    Pesquisadores e extensionistas trataram de diversos aspectos da produção. O potencial da cultura e a produção em Sistemas Integrados de Produção Agropecuária (SIPA) ganharam destaque nos estandes da área do IDR-Paraná. Os participantes também puderam discutir com especialistas como se dá a infiltração e armazenamento de água no solo em SIPA e o grau de compactação do solo no Arenito Caiuá.

    Como o interesse maior é dos produtores de gado de corte, os organizadores do dia de campo mostraram também o uso do sorgo em grão, e em silagem, na alimentação de bovinos de corte, bem como a utilização da silagem de capim capiaçu na terminação de bovinos de corte.

    O Arenito Caiuá é um território formado por 107 municípios da região Noroeste do Paraná. Tem 3,2 milhões de hectares, 16% do território paranaense. A região é caracterizada por solos arenosos e bem drenados, que possuem um bom potencial para a agricultura.

    Com a ILPF (Integração, Lavoura, Pecuária e Floresta), a região ganhou destaque no agronegócio sustentável, ampliando a área agricultável do Estado, devolvendo produtividade à pecuária e diversificando a produção com a introdução do cultivo de grãos

    De acordo Katia Gobbi, pesquisadora do IDR-Paraná e organizadora do evento, a região do Arenito Caiuá, embora apresente desafios, tem um grande potencial. “Temos que pensar na intensificação da produção, com conservação e sustentabilidade ambiental, técnica e social”, destacou.

    A pesquisadora acrescentou que a demanda pelo sorgo aumentou ultimamente porque a cultura é uma opção que pode substituir o milho na região. Além disso, o sorgo também é resistente a períodos de veranico. Embora a área destinada à produção de alimento para o gado venha diminuindo, a região continua sendo a principal produtora de bovinos de corte do Estado.

    Frederico José Evangelista Botelho, pesquisador da Embrapa, disse que o movimento pelo aumento da área de sorgo é um esforço que envolve diversas instituições. “Queremos integrar as várias cadeias para fomentar a expansão do cultivo do sorgo no Brasil”, afirmou.

    De acordo com os pesquisadores, a textura arenosa do arenito oferece uma boa capacidade de drenagem do solo, o que evita o acúmulo excessivo de água e favorece o desenvolvimento das raízes das plantas. No entanto, essa mesma característica pode resultar em menor retenção de nutrientes e água, exigindo uma gestão adequada da fertilidade do solo e irrigação.

    O cultivo do sorgo, entre outras qualidades, apresenta um alto potencial de produção de grãos e de matéria seca. O sorgo ainda é tolerante a estresse hídrico, ou seja, a cultura pode ser uma alternativa de cultivo de verão para a produção forrageira. No inverno ou segunda safra, o sorgo pode ser uma opção para a produção de grãos e forragem.

    A cultura está ganhando espaço na “cesta básica” de ingredientes forrageiros, junto com milho, trigo, triticale, farelo de arroz e fécula de mandioca.

    Os participantes do dia de campo ainda conheceram outras alternativas de alimentação para o gado. Simony Marta Lugão, pesquisadora do IDR-Paraná e coordenadora estadual de Bovinocultura de Leite, relatou que devido às características físicas e químicas do solo do arenito, o capim-BRS Capiaçu tem sido uma opção para a produção de volumoso conservado.

    Umas das características importantes deste capim é a sua alta produtividade e perenidade, com produtividade quatro a seis vezes maior que o sorgo forrageiro (200 kg a 300 kg de matéria verde/ha) e com vida útil em torno de 10 a 15 anos. A pesquisa desenvolvida pelo IDR-Paraná tem centrado esforços em tecnologia e desenvolvimento rural sustentável.

    “Muitas entregas foram realizadas durante essas cinco décadas de ações de pesquisa pública do Estado. São 26 projetos de pesquisa que estão sendo criados dentro do Polo de Paranavaí e vamos criar mais um Centro de Inteligência em Irrigação, com um investimento de R$ 1,5 milhão, pensando no processo produtivo como um todo”, acrescentou.

    AEN

    Foto: IDR

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