Reportagem do Estadão desta terça-feira, 6, revela que o presidente da Câmara, Arthur Lira, é suspeito de ter alocado R$ 32,9 milhões do chamado “orçamento secreto” para a aquisição de kits de robótica em municípios alagoanos. Esses municípios são alvo de investigação por supostos desvios de fundos públicos.
Luciano Ferreira Cavalcante, ex-assessor de Lira, é apontado como participante do esquema e foi investigado pela Polícia Federal (PF).
A operação da PF foi lançada após evidências de fraude em licitações, levando à apreensão de R$ 4,4 milhões em dinheiro vivo, inclusive um cofre repleto de notas de reais e dólares na cidade de Maceió. O motorista de Cavalcante é acusado de receber dinheiro do esquema na capital federal.
O caso envolve a distribuição de fundos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para a compra de equipamentos de robótica em 43 cidades de Alagoas entre 2019 e 2022. Segundo as investigações, ocorreram superfaturamento e favorecimento a uma única empresa fornecedora. Lira é associado à destinação desses recursos em pelo menos nove cidades.
A empresa beneficiada, Megalic LTDA, contratada para fornecer os kits de robótica, nunca forneceu os produtos diretamente. Em vez disso, comprava de outro fornecedor em São Paulo. A PF suspeita que a Megalic depositava o dinheiro recebido das prefeituras em várias contas bancárias, em nome de indivíduos que supostamente não tinham capacidade financeira para movimentar tais valores.
Após a operação da PF, Lira negou qualquer irregularidade e citou decisões judiciais que negam o superfaturamento. Contudo, não respondeu quando questionado sobre as emendas que apadrinhou.
Luciano Cavalcante, ex-assessor de Lira, foi demitido após a operação. Segundo a Controladoria-Geral da União (CGU), as supostas fraudes resultaram em um prejuízo de R$ 8,1 milhões para o Tesouro Público. O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a anulação de todos os contratos que ainda não foram finalizados.
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil
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