O barco usado pelo indigenista Bruno Pereira e pelo jornalista Dom Phillips, quando foram mortos na região do Vale do Javari, foi encontrado na noite deste domingo, 19.
Por Vinícius Valfré, enviado especial
O barco usado pelo indigenista Bruno Pereira e pelo jornalista Dom Phillips, quando foram mortos na região do Vale do Javari, foi encontrado na noite deste domingo, 19.
A embarcação estava a cerca de 20 metros de profundidade no rio Itaquaí, onde os dois foram assassinados no último dia 5. O local foi apontado pelo terceiro suspeito preso por envolvimento no crime.
Os criminosos colocaram seis sacos de areia dentro do barco para dificultar a localização, segundo a polícia. O motor de 40 cavalos de potência também foi encontrado.
É uma baleeira de ferro de aproximadamente sete metros de comprimento, capaz de transportar cerca de sete pessoas e equipada com o motor de popa. O material será levado para a cidade de Atalaia do Norte (AM), cidade que tem o principal acesso ao Vale do Javari.
O barco é novo, foi incorporado à frota da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) em 2020. Com ele, o indigenista visitava aldeias para treinamentos e orientações.
A última viagem de Bruno pela Amazônia começou pelo Alto Curuçá, no Acre, em 21 de maio, a bordo de um outro barco, o dos marubos da aldeia Maronal. Ele vinha orientando membros dessa etnia, moradores da floresta, sobre como fazer as “picadas” – a “limpeza” dos limites da terra indígena.
O barco no qual morreu foi assumido por Bruno Pereira em Atalaia numa sexta-feira, 3 de junho, no dia seguinte ao fim da primeira perna da viagem. No porto da cidade que dá acesso ao Vale do Javari, localizada às margens do rio de mesmo nome na fronteira com o Peru, Dom Phillips subiu a bordo para uma nova bateria de entrevistas com indígenas para o livro que vinha produzindo e para conhecer a equipe de vigilância indígena criada por Bruno.
Investigação continua
A PF indica que o achado deve servir para ajudar na investigação “A embarcação será submetida nos próximos dias aos exames periciais necessários, de modo a contribuir com a completa elucidação dos fatos”, afirmou a corporação, em nota.
Até o momento, três pescadores já foram presos na investigação. Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como Pelado; Oseney da Costa de Oliveira, também chamado de Dos Santos; e Jeferson da Silva Lima, conhecido como Pelado da Dinha. Além disso, na manhã de domingo a PF afirmou ter identificado mais cinco pessoas que teriam participado do assassinato de Bruno e Dom.
A corporação não divulgou a identidade dos novos suspeitos, mas declarou, em comunicado, que “as investigações continuam no sentido de esclarecer todas as circunstâncias, os motivos e os envolvidos no caso”. (Colaborou Rubens Anater)
Estadão Conteúdo / Foto: Agência Brasil
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