Negócios, gestão e empreendedorismo: A mente por trás da estratégia

Pensar como CEO é, antes de tudo, ter coragem de olhar para si. Não para se tornar um líder perfeito, mas para se tornar um líder consciente.

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    O cargo de CEO costuma ser romantizado. Para muitos, representa status, poder e influência. Mas quem já ocupou essa cadeira e assumiu verdadeiramente o lugar que ela exige sabe que pensar como CEO não é sobre brilhar no centro, mas sustentar tudo o que está ao redor.

    Pensar como um CEO é compreender que o jogo é outro. Não se trata de controlar, mas de arquitetar. É sobre sustentar tensões invisíveis, decisões ambíguas e dinâmicas que operam em múltiplos níveis o racional, o emocional, o financeiro, o relacional, o estratégico e o espiritual. Não há separação entre o que você é e o que você lidera. O negócio passa a ser uma extensão do seu campo de consciência.

    Enquanto muitos líderes ainda atuam com uma mentalidade linear de causa e efeito, de resolver um problema com uma solução rápida, o CEO, de verdade, é aquele que aprendeu a pensar a partir de um olhar sistêmico complexo. Ele compreende que o que parece ser uma crise de vendas pode ser, na verdade, o sintoma de um desalinhamento profundo entre cultura, liderança e propósito. Ele sabe que o que se revela em um número do DRE, muitas vezes, está conectado a algo que não foi dito numa reunião, a uma frustração de equipe, a uma decisão adiada ou a uma demanda emocional inconsciente da própria liderança.

    O CEO olha o todo e sustenta o todo. Não é uma posição para quem precisa ser aprovado. É uma posição para quem está disposto a ser questionado, criticado, confrontado… e, ainda assim, seguir servindo. Porque a empresa não serve ao ego do CEO, o CEO é quem serve ao desenvolvimento da empresa, dos seus times, dos seus clientes, do ecossistema ao redor.

    É um lugar onde não há mais espaço para a terceirização da responsabilidade. A folha de pagamento precisa ser honrada, com ou sem crise, com ou sem margem. É o nome do CEO que está ali visível ou invisivelmente sustentando centenas, às vezes milhares de vidas. Essa responsabilidade não pode ser tratada com imaturidade emocional nem com decisões baseadas em impulsos.

    Os resultados exigem. Mas o que diferencia o CEO comum daquele que realmente pensa como tal, é a maneira como ele lê o mundo. Ele não toma decisões apenas com base nos relatórios financeiros. Ele observa padrões, escuta o silêncio, sente o campo, lê entrelinhas, conecta sinais. Ele sabe que uma decisão errada pode parecer financeiramente lucrativa no curto prazo, mas pode custar capital reputacional, engajamento, ou até a própria cultura da organização, e isso, no longo prazo, cobra caro.

    Pensar como CEO é fazer perguntas mais profundas:
     — O que estamos realmente tentando resolver?
     — De onde vem esse sintoma?
     — O que esse conflito está tentando revelar sobre nós como empresa?
     — Quem está ocupando qual lugar aqui dentro?
     — O que eu estou projetando na empresa, sem perceber?

    É também reconhecer que sua própria história pessoal, feridas, padrões e crenças podem estar moldando decisões estratégicas. Um CEO que não conhece sua própria criança ferida, provavelmente estará tentando provar algo com a empresa e esse tipo de movimento, cedo ou tarde, esgota recursos, adoece times e desvia o foco do que realmente importa.

    Por isso, pensar como CEO é, antes de tudo, ter coragem de olhar para si. Não para se tornar um líder perfeito, mas para se tornar um líder consciente. E um líder consciente é aquele que compreende que resultados vêm de alinhamento, não de controle, de presença, não de pânico, de escolhas que respeitam a complexidade, não de fórmulas prontas.

    Se você está nessa posição ou deseja chegar até ela lembre-se: pensar como CEO é carregar o olhar do estrategista, a firmeza do decisor, a sensibilidade do guardião e a maturidade de quem sabe que uma empresa é, antes de tudo, um organismo vivo. E tudo o que está vivo exige presença. Exige consciência. Exige escuta.

    Esse é o verdadeiro trabalho de um CEO.

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