Técnica narrativa: entre o super-homem e o homem comum

Queremos a emoção de algo inusitado, que faça o personagem transcender, algo incomum, mesmo que cotidiano.

  • Olá querido leitor do LiteraturaPost! Ansioso por mais um papo?
    Bom, o tema de hoje é incrível, pois ao conhecer essa técnica compreendemos porque alguns personagens causam mais identificação do que outros.

    Brandon Sanderson, escritor e professor de escrita criativa que já citei aqui na Técnica do iceberg (leia aqui: https://maringapost.com.br/literatura/2022/04/19/tecnica-narrativa-a-ponta-do-iceberg-e-o-que-conhecemos/#.YxcxLHbMJPY ), notou que, para um personagem parecer real durante a leitura e causar identificação em nós, ele precisa estar no limiar entre o super-homem e o homem comum.

    Mas, por quê, Josi? Quanto mais perfeito o personagem for, não é melhor?

    Não. E esse é um dos maiores erros do escritor iniciante, colocar personagens perfeitos demais, pois a perfeição nos afasta, nos faz enxergar nossos próprios erros e gera aversão, além de deixar o personagem artificial, inalcançável, difícil de compreender. Não conseguimos nos importar de verdade com personagens perfeitos, pois sua invulnerabilidade o faz  passar por perrengues muito além de nossa realidade.

    O outro extremo também nos afasta, pois quando lemos, queremos que algo extraordinário aconteça na história.

     Se for para ler algo sobre um personagem que acorda, toma café, vai trabalhar, depois voltar para casa, tomar um banho, ir a faculdade, voltar exausto jantar e dormir, já temos nossa própria vida, não é? 

    Precisa de algo a mais:

    Queremos a emoção de algo inusitado, que faça o personagem transcender, algo incomum, mesmo que cotidiano.

    Por isso que o personagem deve situar-se entre o super-homem e o homem comum.

    Ele pode ser um cara comum com algo extraordinário, ou alguém extraordinário com algum desvio de caráter. 

    Por isso que os anti-heróis estão cada vez mais em alta, pois o poder de identificação com esses personagens é extraordinário, e por mais que eles estejam à margem da sociedade e sua conduta não seja aquelas ilibadas, conseguimos compreender suas atitudes.

    Alguns exemplos:

    Harry Potter é o garoto que sobreviveu e uma profecia diz que ele derrotará o maior bruxo das trevas. Porém no início da história ele era um órfão morando no armário sob a escada de tios que o tratavam muito mal. E quando vai para Hogwarts, não é nem de longe o melhor aluno.

    Percy Jackson descobre um semi Deus. No começo ele não acredita, pois ia muito mal na escola, porém monstros começam a persegui-lo e ele percebe que batalhar contra monstros ele faz muito bem.

    Angelo foge da Academia dos anjos para procurar o signo perdido de Gêmeos. Ele tem muita força de vontade, porém ele é muito atrapalhado e nunca passou em nenhuma das classes angelicais. Assim ele vem pra Terra escondido,e  tem que viver entre os humanos enquanto busca o signo do Zodíaco.
    Leia aqui:

    https://www.amazon.com.br/Final-Apocalypse-r%C3%A9quiem-sombras-livro-ebook/dp/B08R6JD5B6

    Perceberam? Nenhum dos personagens aqui é perfeito. Eles têm uma missão fantástica, porém são passíveis de defeitos e dificuldades.

    Tenho certeza que você verá os personagens de outra forma a partir de agora!

    Vejo vocês na próxima terça feira, em mais um LiteraturaPost!

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