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Maringá registrou um aumento de 50% na população em situação de rua em um intervalo de 1 ano. Os dados são do Cadastro Único (CadÚnico) do Governo Federal, compilados pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome e consultados pelo Maringá Post nesta segunda-feira (9).
De acordo com a plataforma, que têm dados atualizados até agosto desde ano, eram 565 famílias em situação de rua na cidade até agosto de 2023. Já em agosto de 2024, o número subiu para 845 famílias. Segundo o Governo Federal, o CadÚnico “é um registro que permite ao governo saber quem são e como vivem as famílias de baixa renda no Brasil”.
Embora a plataforma seja alimentada com dados da população em situação de rua, não significa, necessariamente, que todos os cadastrados recebam algum tipo de benefício social. Atualmente, o CadÚnico é operacionalizado pelas prefeituras de todo o Brasil.
O CadÚnico também apresenta dados relativos a população de rua no Paraná. Ao todo, até agosto de 2024, eram 14.638 famílias nesta condição no Estado, 27% a mais do que o registrado em agosto de 2023, quando eram 11.497 famílias em situação de rua. Curitiba é a cidade do Paraná com a maior concentração de moradores de rua: 4.057 famílias.
De acordo com o defensor público Antonio Vitor Barbosa de Almeida, coordenador do Núcleo da Cidadania e Direitos Humanos (NUCIDH) da Defensoria Pública do Paraná, os números ilustram um processo de ‘invisibilização’ destas pessoas por parte do poder público.
“Nós sempre alertamos que este número (de pessoas em situação de rua) pode ser muito maior, justamente porque nem todas essas pessoas possuem cadastro nos sistemas do Governo. E aí existem inúmeros fatores que levam à situação de rua e à manutenção, mas principalmente aqui no dado curto tempo, a gente pode mencionar as crises econômicas do pós-pandemia, também durante o período da pandemia, e a ausência de políticas de moradia e habitação para essa população. Enquanto a gente não tiver uma política pública de moradia interligada com serviços de assistência, saúde, emprego e renda, não vamos conseguir superar de forma efetiva a situação de vulnerabilidade nas ruas”, afirmou o defensor, em entrevista ao Maringá Post.
Almeida também pontua a ausência de uma contabilização mais sistemática da população em situação de rua por parte do poder público, o que atrapalha na solução do problema. “Essas pessoas não são contabilizadas, até hoje, de forma sistemática pelo censo do IBGE, principalmente porque o censo leva em consideração a quantidade de domicílios, justamente algo que essas pessoas não tem, assim elas seguem enfrentando a rotina das ruas”, completou.
O Maringá Post entrou em contato com a Prefeitura de Maringá que, por meio de nota, listou as ações do município para o acolhimento de pessoas em situação de rua. Leia na íntegra:
“A Prefeitura de Maringá, por meio da Assistência Social, Políticas sobre Drogas e Pessoa Idosa (SAS), informa que possui uma rede de políticas públicas para pessoas em situação de rua. As equipes trabalham, diária e rotineiramente, no acolhimento, direcionamento para vagas de emprego, oferecem oportunidades para a reinserção na sociedade, encaminhamentos de pessoas em situação de rua que são usuárias de substâncias psicoativas para tratamento, entre outros serviços. No entanto, muitos recusam a ajuda.
O município destaca que oferece serviço especializado em abordagem social à população em situação de rua, que funciona 24 horas, além de acolhimento no Centro Pop, na Casa de Passagem, entre outros serviços.”
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