Sobrevivente de naufrágio no Rio Ivaí fala do momento em que o barco com nove pessoas virou

  • “As crianças queriam andar de barco, meu filho, minha esposa, meu primo com os filho, o dono do barco a esposa e filha entramos, estávamos devagar no rio, só que chegando perto do salto, a mulher do dono da embarcação ficou desesperada, falou que o barco ia descer, o dono falou que poderia ficar tranquilo que não ia virar. A mulher dele pulou para segurar o barco, ele largou o motor e pulou para ajudar ela e eu pulei também e ficamos segurando o barco para não descer.  A mulher dele gritou que tinha que ficar alguém no motor, eu voltei para o barco, mas o motor não estava mais ligado, tentei acelerar mas não ligou, eles não tiveram força para segurar o barco e ele desceu na queda, bateu de bico e já virou com todos dentro, quando virou não vimos mais nada”.

    O relato, divulgado nesta quarta-feira pela Rádio Nova Era, de Ivaiporã, e Blog do Berimbau, é de Marcelo Carvalho, morador de Sarandi que foi um dos sobreviventes do acidente com uma embarcação em que estavam nove pessoas, no domingo à tarde em Ubaúna, distrito de São João do Ivaí.

    O grupo estava em uma festa em uma chácara e saiu de barco por volta das 16h30. Após o barco virar e a correnteza levar seis pessoas, Marcelo, a mulher Jéssica e o filho João Vitor, conseguiram se agarrar ao bote e permanecer até a noite, quando foram resgatados por bombeiros e o Pelotão Ambiental.

    “Nós ficamos no rio nos afogando por uns 700 metros, ela se afundando, eu me afundando, até que Deus colocou o barco virado em nosso caminho. A gente já tinha desistido, mas o barco apareceu virado, nós seguramos por uns 40 minutos com o barco virado, na esperança do socorro chegar, até que decidimos virar o barco. Nós ficamos mais de duas horas esperando o socorro, meu filho sofrendo muito. Decidimos descer do barco para tirar a água de dentro, desviramos ele, saiu um pouco de água, fomos tirando água com a mão até que ele subiu um pouco, remamos com a mão até chegar na margem”.

    Segundo contou Marcelo, após conseguir sair do rio, a família novamente viveu momentos de tensão, pois o filho já estava delirando e sofrendo convulsões devido ao frio. “Quando entramos na mata, no milharal, andamos por uns 400 metros, mas meu menino sofreu convulsão, estava delirando, fizemos uma cama no meio do milho, mas não estava resolvendo, até que graças a Deus, apareceram dois anjos, dois pescadores, eles estavam com lanternas pra cima e gritavam e nós respondemos”.

    Marcelo disse que um dos pescadores enrolou o filho em uma blusa e correu para salvar a vida do menino. “Um dos pescadores disse, deixa eu salvar a vida dele, enrolou meu filho em uma blusa e correu. O sobrinho dele, um outro pescador, deu roupa pra gente, até que chegou outra embarcação. Se não fossem os pescadores, nós não estaríamos vivos”

    O sobrevivente contou que oacidente aconteceu pouco depois das 16h30 e que foram resgatados por volta das 22h30. “Nós ficamos 3 horas dentro da água. O dono da embarcação não teve culpa, ele não queria chegar perto da correnteza, ele fez de tudo para nos salvar, não tem culpado” ressalta Marcelo.

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