Pesquisadores da UEM analisam as relações entre o diagnóstico da dengue e da covid-19

  • Um projeto de Iniciação Científica a ser realizado no Hospital Universitário (HU) de Maringá, por pesquisadores da Universidade Estadual de Maringá (UEM), tentará identificar a reação cruzada entre testes positivos da dengue e da covid-19. Casos ocorridos em outras regiões indicam a possibilidade de exames falso positivos para dengue em pessoas contaminadas com o novo coronavírus, dificultando o diagnóstico e o tratamento adequado.

    Inicialmente, 30 amostras de sangue de pacientes internados passarão pela análise dos pesquisadores. Também serão avaliados dados clínicos como comorbidades, resultados bioquímicos, hematológicos e imunológicos.

    Em março de 2020, a revista científica Lancet Infectious Diseases publicou o relato de dois casos clínicos em Singapura que apresentaram testes positivos para a dengue e para a Covid-19. Após análise, ficou comprovado que o teste sorológico era um falso positivo para a dengue.

    Há muitas semelhantes entre os sintomas da dengue e da covid-19, pelo menos na fase inicial. Ambas as doenças possuem alguns sintomas em comum como febre, dor ao redor dos olhos, dor muscular, articular e de cabeça, enjoo e vômito. A dengue, porém, não costuma causar sinais respiratórios como coriza ou tosse. Além disso, a doença transmitida pelo Aedes aegypti pode gerar manchas vermelhas, especialmente nos casos mais graves.

    Para o orientador da pesquisa, Dennis Armando, isso ocorre pela similaridade antigênica e sintomatológica parecida das duas doenças, o que dificultaria o diagnóstico nesse momento de pandemia.

    “Nosso objetivo é avaliar se isso de fato tem acontecido e de que maneira podemos prevenir, para que não haja diagnóstico errôneo e tardio dessas duas doenças graves. Assim, conseguiríamos ajudar nosso sistema de saúde”, afirma.

    O último boletim da dengue, divulgado no início de junho pela Secretaria de Estado da Saúde, registrou 1.507 casos novos. O total de notificações ultrapassou a marca de 80 mil em todo Estado desde agosto do ano passado. Destes, 12.424 permanecem em investigação e 35.648 já foram descartados.

    “A falha no resultado do teste rápido para a dengue tem sérias complicações para o paciente e para a saúde pública. Por isso, é importante aplicar testes com alto grau de sensibilidade e acessíveis”, destaca o pesquisador.

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