Sindicatos que representam profissionais da educação se mobilizam contra o retorno das aulas presenciais

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Com a publicação de decretos que autorizam a retomada das aulas presenciais em Maringá e no Paraná, sindicatos que representam os profissionais da educação se mobilizam contra o retorno das atividades. A categoria afirma que, com o avanço da pandemia e sem vacina para professores e funcionários de escola, o retorno às aulas presenciais não é seguro. 

Servidores da rede estadual de ensino decidiram entrar em greve a partir de 18 de fevereiro, data prevista pelo Governo do Estado para iniciar as aulas. Na rede municipal, o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Maringá (Sismmar) convocou os profissionais da educação para uma assembleia virtual neste sábado (30/1).

Segundo a APP-Sindicato, que representa os servidores estaduais, a categoria é contrária ao modelo híbrido e afirma que o formato não foi discutido com a comunidade escolar. Com o modelo híbrido, parte dos alunos assiste às aulas de forma presencial, nas escolas, e parte acompanha, simultaneamente, a mesma aula de maneira remota. 

A presidente do núcleo sindical da APP-Sindicato de Maringá, professora Vilma Garcia da Silva, afirma que os professores e funcionários de colégios de Maringá e região vão aderir à greve, como deliberado na assembleia estadual no sábado (23/1)

“O que está nos levando a greve não é só a retomada das aulas presenciais, são vários itens que o governo tem retirado de direitos e deixado de cumprir acordos de greve. Mas existe uma preocupação grande dentro da categoria com o retorno das aulas”, diz Vilma Garcia. 

De acordo com a professora, apesar do anúncio do modelo híbrido, as escolas estaduais não têm condições sanitárias para retomar as atividades. Além disso, vários funcionários têm comorbidades como hipertensão, desenvolvida, segundo ela, pelas condições de trabalho. A presidente do sindicato também afirma que não foi oferecido treinamento ou equipamentos para os professores.

“O governo mente quando diz que está fazendo treinamento com os professores. Ninguém no Estado, nenhum professor ou professora foi convocado para fazer treinamento. Também não temos equipamentos que garantam a qualidade da educação, nem as escolas e nem os professores. Temos, no mínimo, um celular e um notebook de baixa resolução.”

Questionada, a Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (Seed), por meio da assessoria de imprensa, informou que o treinamento para diretores já foi feito e para os professores será entre os dias 11 e 12 de fevereiro. A Seed-PR disse que dispõe dos notebooks necessários para a transmissão das aulas e nesse momento faz a organização dos equipamentos nas escolas.

Segundo a secretaria, o retorno às aulas seguirá um protocolo com as medidas sanitárias necessárias e que foram definidas pelas autoridades da área da saúde. A pasta explucou que, ao chegar à escola, todos os alunos e profissionais terão suas temperaturas medidas. O uso de máscara é obrigatório, assim como a disponibilização de álcool em gel e o distanciamento mínimo de 1,5 metro dentro das salas.

A Secretaria da Educação informou que investiu R$ 5,96 milhões em materiais de proteção para os mais de 2 mil colégios da rede estadual. Entre os itens adquiridos estão 21,8 mil galões de 5 litros de álcool gel, 25,1 mil galões de 5 litros de álcool líquido 70%, 6,9 mil termômetros, 31,7 mil dispensers e 16,3 mil macacões para equipes de limpeza. Além disso, 2,1 milhões de máscaras de tecido serão entregues aos estudantes — duas para cada.

Professores do município vão discutir retomada das atividades 

Na rede municipal, o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Maringá (Sismmar) convocou os profissionais da educação para uma assembleia virtual neste sábado (30/1). O encontro começa às 10h e, logo após, os servidores terão até às 23h59 para responder duas perguntas formuladas pela direção sindical.

A assembleia não vai discutir o retorno das aulas presenciais, já que a Secretaria de Educação de Maringá (Seduc) ainda não definiu como será a volta às aulas. A primeira pergunta é referente ao retorno dos trabalhadores de forma presencial entre os dias 3 e 17 de fevereiro para o período de formação.

Segundo a presidente do Sismmar, Priscila Guedes da Luz, a Seduc ainda não decidiu se os professores e funcionários vão retornar para as atividades presenciais na próxima semana. De acordo com ela, a secretaria deve informar o sindicato até a tarde desta sexta-feira (29/1). Na segunda pergunta, os servidores vão responder se estão de acordo com a construção de um plano de mobilização caso as atividades presenciais continuem. 

Priscila Guedes diz que o plano de contingenciamento para o retorno das aulas presenciais, formulado por um comitê que reúne representantes do Conselho Municipal de Educação, diretores de escolas e CMEIs, representantes da Seduc e do sindicato dos Sismmar, ainda não foi finalizado.

“Solicitamos uma nova reunião da comissão, visto que o início do trabalho acontece no dia 3 de fevereiro e o plano não foi concluído. As equipes pedagógicas não receberam o plano e elas serão responsáveis pela execução,” afirma. 

A presidente do Sismmar considera que apenas a vacinação dos profissionais de educação pode garantir o retorno seguro à sala de aula. “O que a direção do sindicato avalia é que todos os profissionais precisam ter o direito à vacinação. Não tendo vacinação, nós entendemos que o trabalho remoto é o que vai garantir o mínimo de segurança nesse momento. Mas a decisão final é da assembleia da categoria, eles que vão se posicionar.” 

Secretaria de Educação de Maringá não decidiu se vai retomar aulas presenciais 

A Secretaria de Educação de Maringá, por meio da assessoria de imprensa da prefeitura, informou que a previsão é de que as aulas retornem no dia 18 de fevereiro. Apesar disso, a retomada vai depender de diretrizes que estão sendo elaboradas pela Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (Seed).

A Secretaria de Educação de Maringá informou que aguarda a publicação das diretrizes da Seed para concluir o plano de contingência elaborado em parceria com o comitê. O documento também vai indicar se o estudo será híbrido ou presencial.

  • Reportagem atualizada na sexta-feira (29/1), às 17h45, com informações da Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (Seed)

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