Secretaria da Mulher de Maringá faz levantamento com farmácias sobre campanha Sinal Vermelho

A campanha do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) incetiva mulheres em situação de violência a buscar ajudas nas farmácias do país

  • Em tempos de isolamento, muitas mulheres estão em casa com os agressores e enfrentam dificuldade para denunciar de forma segura e silenciosa. Diante disso, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) lançaram neste mês a campanha Sinal Vermelho para a Violência Doméstica. O objetivo é incentivar mulheres em situação de violência a buscar ajudas nas farmácias do país.

    A campanha do CNJ e da AMB é simples. As vítimas de agressões poderão ir até uma farmácia credenciada com um “X” vermelho na palma da mão, que pode ser feito com caneta ou batom. Ela deverá mostrar o símbolo para o atendente, que com o nome e endereço da mulher vai ligar para o 190. A farmácia oferecerá um local seguro para a vítima até a chegada da polícia.

    Segundo o CNJ, 10 mil farmácias e drogarias do Brasil aderiram ao projeto. Redes de farmácias com lojas em Maringá, como a Droga Raia e a Nissei, assinaram o termo de adesão da campanha do CNJ. A assessoria de imprensa da Droga Raia informou que todas as 2.142 lojas das redes Droga Raia e Drogasil estão aptas para dar suporte as vítimas.

    A Nissei, por meio da assessoria de imprensa, disse que todas as farmácias participam da campanha. A reportagem entrou em contato com o Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado do Paraná (Sindifarma) para verificar quais estabelecimentos adotaram a campanha em Maringá, mas não obteve retorno.

    A diretora do Programa de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher da Secretaria da Mulher (Semulher), Ana Nerry, informou que a pasta organizou uma lista com 15 redes de farmácias com lojas em Maringá. A secretaria pretende enviar um ofício nos próximos dias para verificar quais estabelecimentos desejam aderir a campanha. O documento também vai orientar como as drogarias devem agir.

    “É uma campanha que depende do apoio da farmácia para dar certo. O apoio das forças de segurança já está certo, mas precisamos do apoio das farmácias e dos farmacêuticos, para que entendam a importância da campanha e ajudem para que ela dê certo na cidade”, afirmou Ana Nerry.

    Além do ofício que será enviado para as redes de farmácias, a Secretaria da Mulher vai orientar as forças de segurança como Delegacia da Mulher, Patrulha Maria da Penha e as polícias Civil e Militar.

    Segundo a diretora da Secretaria da Mulher, em uma segunda etapa, a secretaria vai buscar o apoio das farmácias menores dos bairros, principalmente nas regiões com maior índice de violência contra a mulher.

    Para Ana Nerry, a campanha é importante, principalmente por se tratar de uma ajuda silenciosa. “As ações silenciosas são mais eficazes para o momento. Mais próxima do agressor, a vítima precisa ter a informação de maneira silenciosa, escondida e de diversas outras maneiras.”

    Em Maringá, a Delegacia da Mulher registrou aumento de 15% nos casos de violência contra a mulher em março. Segundo Ana Nerry, durante o período de isolamento social, a Patrulha Maria da Penha tem atendido três vezes mais ocorrências.

    A professora da educação infantil, Elenice Santos, de 49 anos, também busca apoio nas farmácias da cidade, para que os estabelecimentos possam aderir a campanha. Após conhecer a iniciativa, ela decidiu, por conta própria, entrar em contato com as farmácias e conscientizar as pessoas nas redes sociais.

    “Em Maringá, sabemos que existem casos de violência e pensei que estava na hora de trazer esse projeto para a cidade. Comecei a pensar em como fazer isso, pensei que a rede social seria o melhor caminho. Postei a foto e as pessoas começaram a perguntar o que era. Isso despertou curiosidade nas pessoas, foi o primeiro passo”, afirmou a professora.

    Como mulher, professora e mãe, Elenice Santos disse que sentiu a necessidade de fazer algo para divulgar o projeto. “Sou educadora, convivo com mulheres agredidas e a gente identifica isso pelas crianças. Quem é professor sabe quando o aluno está bem e quando ele não está. A agressão dentro de casa não afeta só a mulher, a criança também sente.”

    Veja o vídeo da campanha Sinal Vermelho

    • Reportagem atualizada na quinta-feira (25/6), às 18h50, com a informação da assessoria de imprensa da rede de farmácias Nissei de que todas as lojas aderiram a campanha Sinal Vermelho do CNJ e da AMB.

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