A Universidade Estadual de Maringá (UEM) ganha 3.024 novos alunos aprovados no Processo de Avaliação Seriada (PAS) e nos vestibulares de inverno e verão. Desse total, 60% concluíram o ensino médio integralmente em escolas particulares e a maioria, 25%, tem renda familiar entre três e cinco salários mínimos. Para pelo menos 11%, não será preciso trabalhar durante a graduação.
Para chegar a esses dados, o Maringá Post reuniu informações dos questionários socioeducacionais dos aprovados nos três processos seletivos, divulgados pela Comissão Central do Vestibular Unificado (CVU). O prazo para matrícula dos aprovados encerrou na terça-feira (21/1) e o perfil dos alunos pode sofrer algumas alterações, já que nem todos vão efetivar a matrícula.
Entre os 3.024 aprovados, apenas 66, ou seja, 2,1%, se declaram negros. A maioria, 76%, se declara branco e 15% se declararam pardos. As mulheres são maioria entre os novos alunos da UEM e representam 52% dos aprovados. Grande parte dos aprovados, 42%, mora em Maringá e outros 35% em cidades da região noroeste do Paraná.
Na UEM, 32% dos novos alunos concluíram o ensino médio integralmente na rede pública enquanto 60% são oriundos da educação privada. O cenário é quase o oposto do registrado na Universidade Federal do Paraná (UFPR), por exemplo, em que 59,79% dos aprovados são de escolas públicas.
De acordo com a professora do departamento de Ciências Sociais da UEM e coordenadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares Afro-brasileiros (Neiab), Marivânia Araújo, os dados eram esperados e mostram que alunos da rede privada e alunos da escola pública não partem do mesmo lugar.
“Os alunos de classes mais abastadas já sabem que vão entrar na universidade, são instruídos para isso e fazem sua formação nesse sentido. As avaliações são voltadas para o vestibular, enquanto nas escolas públicas a gente não vê esse processo. Algumas escolas [públicas] nem colocam no horizonte desses alunos o vestibular”, considera a professora.
Segundo ela, a perspectiva é que as ações afirmativas como as cotas raciais e sociais possam mudar esse quadro ao longo dos anos. A partir do próximo vestibular, a UEM vai ofertar vagas por meio do sistema de cotas raciais, aprovado no ano passado. Até então, a universidade tinha apenas as cotas sociais, voltadas para estudantes de escolas públicas.
Apesar da oferta, Marivânia Araújo afirma que é necessário divulgar as cotas raciais nas escolas, entre professores e alunos, para que as ações afirmativas alcancem um número significativo de candidatos.
“A proposta da universidade é ampliar ainda mais a entrada de alunos das classes populares, partindo do princípio que a universidade é pública e deve estar aberta para todos. Isso significa que nenhum grupo social ou racial deve ser excluído”, afirma a professora.
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