População em situação de rua aumenta 27% em Maringá, aponta pesquisa do Observatório das Metrópoles

Neste ano, foram abordadas 452 pessoas, das quais 246 estavam na rua

  • A população em situação de rua aumentou 27% em Maringá em relação a 2018. É o que mostra o resultado parcial da 5ª edição da pesquisa “A População em Situação de Rua em Maringá: Desconstruindo a Invisibilidade”, realizada em outubro pelo Observatório das Metrópoles. Neste ano, foram abordadas 452 pessoas, das quais 246 estavam na rua e 206 acolhidas em instituições.

    De acordo com a coordenadora da pesquisa e do Observatório das Metrópoles Núcleo UEM/Maringá, Ana Lúcia Rodrigues, o aumento da população em situação de rua está relacionado ao desemprego e outros fatores causados pela crise econômica. “O Brasil está em processo de crise na economia, assim como boa parte dos países do planeta, e isso acaba repercutindo na vida dessas pessoas que vão ter mais dificuldade para se reinserirem no mercado de trabalho”.

    A íntegra da pesquisa e a análise comparativa das cinco edições, entre 2015 e 2019, será apresentada durante a 5ª Audiência Pública sobre População em Situação em Maringá. Organizada pelo Observatório das Metrópoles e a Secretaria de Assistência Social e Cidadania (Sasc), a audiência ocorre em 9 de dezembro, a partir das 19h, no Auditório Hélio Moreira.

    Apesar disso, algumas interpretações podem ser feitas com base nos estudos anteriores. Na pesquisa realizada em 2018, por exemplo, foram abordadas 357 pessoas. A quantidade de moradores em situação de rua em Maringá havia aumentado 61%, em comparação com os dados de 2017. Segundo Ana Lúcia, a atuação de instituições e do poder público pode ter contribuído para segurar um aumento ainda maior em 2019.

    “Provavelmente, pode ter acontecido uma intervenção das instituições, promovendo algum nível de reinserção social. Temos mais instituições da sociedade privada atuando e talvez isso pode ter segurado um pouco o aumento. De toda forma, apesar de ainda não ser suficiente, o poder público também vem atuando. A intervenção do Centro Pop, principal serviço público, também tem sido efetiva”, diz Ana Lúcia.

    Segundo a coordenadora do Observatório das Metrópoles, esse é um problema complexo e que necessita do engajamento de vários setores poder público e da sociedade. Ela afirma que Maringá tem um instrumento que pode auxiliar na formulação de políticas públicas para pessoas em situação de rua, mas que precisa ser colocado em prática.

    “O atual prefeito fez uma lei que criou o Comitê Intersetorial da Política Municipal para a População em Situação de Rua. Esse comitê tem que ser reativado imediatamente, esse ano ele não fez nenhuma reunião. O poder público tem que colocar todas as suas áreas, não basta a Assistência Social agir sozinha”, diz Ana Lúcia Rodrigues.

    Durante a audiência pública, será possível conhecer o perfil da população em situação de rua em Maringá. Para Ana Lúcia, os resultados podem ajudar na construção de políticas públicas. Além de representantes do Ministério Público, Legislativo e Executivo, a população em situação de rua também vai ser convidada para participar das discussões.

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