Sem a contratação de docentes temporários em regime de Tempo Integral e Dedicação Exclusiva (Tide), a edição deste ano da Olimpíada de Matemática de Maringá e Região, organizada por professores do Departamento de Matemática da Universidade Estadual de Maringá (UEM), foi cancelada.
A Olimpíada de Matemática ocorre desde 2014 e no ano passado reuniu 1.600 estudantes de escolas públicas e particulares. Em 2019, as provas seriam aplicadas no dia 5 de outubro em Maringá e mais sete cidades: Campo Mourão, Cianorte, Cidade Gaúcha, Goioerê, Jandaia do Sul, Japurá e Paranavaí.
Poderiam se inscrever alunos matriculados a partir do 6º ano do ensino fundamental até o 3º ano do ensino médio.
De acordo com a organização, como os professores são contratados apenas para dar aulas, a execução de projetos de extensão se torna inviável. Segundo o professor do Departamento de Matemática da UEM e organizador geral da olimpíada, Thiago Fanelli Ferraiol, 10 dos 50 professores efetivos ligados ao departamento se aposentaram nos últimos dois anos.
Para suprir a demanda, o Governo do Estado contrata docentes temporários. Até março deste ano, os temporários poderiam ser contratados em regime Tide, em que recebem para se dedicar integralmente à atividades de extensão da universidade. No entanto, o governo proibiu esse tipo de contratação.
Com a redução dos professores efetivos no Departamento de Matemática, os docentes temporários ajudavam na elaboração das questões, na divulgação, preparação de infraestrutura e logística da Olimpíada de Matemática. Além disso, os docentes também aplicavam e corrigiam as provas e organizavam a cerimônia de premiação.
Segundo o organizador geral da olimpíada, Thiago Fanelli Ferraiol, sem o regime Tide a execução dos projetos se torna inviável. De acordo com ele, o Departamento de Matemática tem 40 professores efetivos e cerca de 25 temporários. Apesar das dificuldades, o professor afirma que seria possível realizar a olimpíada. No entanto, por causa da falta de pessoal, os docentes ficariam sobrecarregados.
“Com o corte do regime Tide, os professores são contratados para executar apenas atividades de ensino. Sem o regime Tide, os temporários podem se dedicar a projetos de extensão, mas isso fica inviável por conta da redução salarial e do aumento na carga horária de aula. Muitos deles acabam assumindo outras funções fora da universidade para complementar a renda”, explica Thiago Ferraiol.
Apesar do Tide ser uma problemática recente, o professor diz que a olimpíada sempre foi feita com poucas condições. Na premiação, por exemplo, são entregues 90 medalhas e livros para os estudantes. No ano passado, a organização foi contemplada por um edital da Olimpíada Brasileira de Matemática, mas o recurso não foi suficiente e os professores fizeram vaquinha para completar o dinheiro e comprar os prêmios.
“Condições ideais a gente nunca teve, mas a decisão agora é para se posicionar e dizer que não vamos assumir toda a carga mais”, afirma Thiago Ferraiol. Além da Olimpíada de Matemática, o professor diz que outros projetos de extensão desenvolvidos pelo Departamento de Matemática podem ser reduzidos pela falta de professores que possam se dedicar integralmente aos projetos.
“No projeto Time [Teoria e Investigação em Matemática Elementar], a gente se reúne todos os sábados de manhã para oficinas de Matemática com alunos do ensino básico. Provavelmente, a gente não vai conseguir se reunir todo sábado e vamos diminuir nossa atuação”, diz o professor.
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