UEM gastou R$ 7,5 milhões em horas extras e governo pede explicações. Universidade diz que gasto cobre déficit com pessoal

Segundo informações da pró-reitoria de Recursos Humanos, UEM tem déficit de 913 servidores, acumulado desde 2014

  • A Universidade Estadual de Maringá (UEM) gastou, no primeiro semestre deste ano, R$ 7,5 milhões com horas extras sem autorização da Comissão de Política Salarial (CPS). Segundo informações divulgadas pela Agência Estadual de Notícias do Paraná, a UEM é a instituição que mais gastou com serviços extraordinários.

    O texto, publicado na terça-feira (23/7) pelo Governo do Estado, informou os motivos que levaram a CPS a não autorizar a renovação do contrato de professores temporários da UEM e de outras quatro universidades.

    Segundo o governo, a comissão pediu esclarecimentos a essas instituições “por causa do aumento excessivo com a folha de pagamento neste ano”.

    De acordo com informações da Agência Estadual de Notícias, quatro universidades gastaram juntas quase R$ 20 milhões em serviço extraordinário sem autorização da CPS. Além da UEM, completam a lista a Universidade Estadual de Londrina (UEL), Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste).

    Segundo o texto, as horas extras foram pagas a servidores que recebem salários superiores a R$ 40 mil. Dados das Secretarias da Fazenda e da Administração mostraram que o aumento das despesas com pessoal nas universidades gera déficit orçamentário de R$ 123 milhões.

    O Governo do Estado também disse que foram detectados problemas em remunerações acima do teto permitido, pagamentos de gratificação de Tempo Integral e Dedicação Exclusiva (Tide) para agentes universitários e professores temporários, pagamentos de serviços extraordinários sem autorização e pagamentos de vantagens, gratificações e adicionais remuneratórios sem fundamento legal.

    Entre as sete universidades públicas do Estado, duas foram autorizadas a contratar docentes temporários para o segundo semestre, a Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (Unicentro) e a Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP).

    Entre as que tiveram o pedido indeferido, apenas UEPG e Unicentro enviaram as informações requisitadas.

    Confira o gasto de cada instituição:

    • UEL
      Ensino: R$ 1.450,869,88
      Hospital Universitário: R$ 4.525.656,19
      Total: R$ 5.976.526,07
    • UEM
      Ensino: R$ 3.084.149,21
      Hospital Universitário: R$ 4.434.605,51
      Total: R$7.518.754,72
    • UEPG     
      Ensino: R$ 1.781.480,13
      Hospital Universitário: R$ 3.570,85
      Total: R$ 1.785.050,98
    • Unioeste 
      Ensino: R$ 1.016.812,10
      Hospital Universitário: R$ 3.497.892,90
      Total: R$ 4.514.705,00

    Total: R$ 19.795.036,77

    UEM afirma que horas extras cobrem déficit de pessoal

    Por meio de nota oficial, a Universidade Estadual de Maringá (UEM) disse que as horas extras pagas pela instituição “foram, na sua maioria, para suprir a falta de servidores e demonstram a dura realidade que a universidade enfrenta hoje”.

    Segundo o pró-reitor de Recursos Humanos, Luís Otávio Goulart, a UEM tem déficit de 913 servidores, acumulado desde 2014. Apenas neste ano, a instituição perdeu 267 servidores, entre professores e agentes universitários que se aposentaram, pediram exoneração ou faleceram. De acordo com ele, o gasto com horas extras é destinado ao pagamento de zeladoria, vigilância e serviços gerais, além do Hospital Universitário.

    Na nota, o pró-reitor afirma que houve “uma sensível redução no pagamento da folha ao longo do primeiro semestre, especialmente pelo grande volume de aposentadorias”. Ele também nega que a UEM tenha pago salários acima do teto legal, como afirmou o Governo do Estado.

    A UEM reforçou a necessidade da contratação de professores colaboradores por causa da falta de nomeação de efetivos já aprovados em concurso.

    Segundo a instituição, muitos cursos têm as atividades mantidas pelos professores temporários, cujos contratos precisam ser renovados. A UEM também informou que aguarda a autorização de novos processos seletivos.

    Tabela divulgada pela UEM mostra o número de servidores aposentados, falecidos e exonerados desde 2014

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