A caixa d’água e o escritório onde hoje funciona a Estação de Tratamento de Água (ETA) da Sanepar, na Avenida Pedro Taques, no Jardim Alvorada, é avaliada pela Comissão Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico da Prefeitura de Maringá para fins de tombamento.
Outro bem material que é objeto de estudo do grupo é a estátua do Peladão, parte do Monumento ao Desbravador, na Praça Sete de Setembro. Antes, estão na lista do tombamento os imóveis no cruzamento da Avenida Brasil com a Rua Basílio Sautchuk.
Há, ainda, bens imateriais que também são cogitados para tombamento, como o Festival de Música Cidade Canção (Femucic) e o “Bumba Meu Boi”, do Grupo Anjos da Guarda.
“Foram solicitações, provenientes de várias origens, que chegaram a nós e estamos analisando e trabalhando nelas. Mas, existe muito mais. São mais de 200 bens com potencial de tombamento em Maringá”, explica o historiador da Gerência de Patrimônio Histórico da Secretaria de Cultura (Semuc), João Laércio Lopes Leal.
A solicitação para o tombamento de um bem como patrimônio histórico pode ser feita pelo Executivo, Legislativo, Ministério Público, por associações, ONGs ou pela própria Comissão Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, formada por onze membros, cujo presidente é o secretário de Cultura, Miguel Fernando.
Ao receber a solicitação, a comissão faz um estudo sobre o bem e realiza votação. “É feita uma análise do mérito, sobre a relevância do bem para a cidade, envolvimento social, importância histórica, arquitetônica, paisagística, estética, ou seja, uma análise bem ampla. No final, é feita a votação, se o bem será tombado ou não. Mas, quem dá a palavra final e decide, é o prefeito”, ressalta Leal.
Para o secretário de Cultura, Miguel Fernando, a caixa d’água e o escritório onde hoje funciona a Sanepar têm grande relevância no aspecto social e de paisagem urbana de Maringá.
“Eles foram edificados na segunda metade da década de 1960, e lá funcionou a Codemar, autarquia estruturada pela prefeitura para atuar no desenvolvimento hídrico. Durante muitas décadas, a caixa d’água foi uma referência ali da Vila Santo Antônio, porque ela fazia uma espécie de portal de entrada para quem chegava no Jardim Alvorada. Em 1970, a gente não tinha a verticalização da cidade e dava para enxergar a caixa d’água de diversos pontos da cidade. Já o escritório, preserva as características da arquitetura de 1960, com muitos vidros para viabilizar a passagem de luz natural” conta.
A estátua do Peladão, na Praça Sete de Setembro, homenageia os pioneiros que chegaram em Maringá na década de 1930 e ajudaram a construir a cidade. “O Peladão é uma obra resultante de um concurso público feito na gestão do então prefeito Adriano José Valente, e a vencedora foi essa obra, do artista plástico Henrique de Aragão. Foi instalada em 1972, junto com os mastros das bandeiras, e representa o pioneiro e a pioneira que chegaram sem nada, e tudo conquistaram”, ressalta Fernando.
Segundo ele, o estudo sobre o tombamento do Femucic e do Bumba Meu Boi, bens imateriais de Maringá, ainda está em fase embrionária.
O próximo bem a ser tombado como patrimônio histórico de Maringá é o quadrilátero do cruzamento da Avenida Brasil com a Rua Basílio Sautchuk, que inclui o prédio da Relojoaria Ômega, a padaria Arco Íris, a Cincow Acessórios – antigo Frigorífico Central -, e parte da Praça Napoleão Moreira da Silva, projetada pelo arquiteto José Augusto Bellucci.
A área já foi aprovada para tombamento na comissão, e em breve deve ser registrada no livro do tombo. “Este eixo, do Maringá Novo, é o único registro arquitetônico que preserva as características do final da década de 1940. O eixo tem grande importância histórica, e foi pauta de muitos estudos”, afirma o secretário de Cultura.
Atualmente, Maringá tem 11 bens tombados como patrimônio histórico, sendo 7 por meio do município e 4 pelo Estado. O primeiro bem tombado como patrimônio histórico pelo município foi a Capela Santa Cruz, no Maringá Velho, em 1987. O segundo foi a Capela São Bonifácio, na fazenda São Bonifácio, próximo ao Cidade Alta, que foi tombada em 1993.
O prédio da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, que hoje é o Rei da China, foi tombado como patrimônio histórico pelo município em 2004. Em 2008, foram dois tombamentos, sendo um deles de um bem imaterial: a festa do seo Zico Borghi.
O outro, foi o Painel do Café, que ficava no Bar Columbia, na Avenida Getúlio Vargas, onde hoje funciona o Super Real Lar. O painel foi restaurado e hoje está em São Paulo, aguardando a construção do museu histórico no prédio do antigo aeroporto, na Avenida Gastão Vidigal, onde será instalado.
Em 2016, foram três tombamentos: o prédio do Luzamor, o Museu da Bacia do Paraná, instalado na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e o prédio da Biblioteca Pública Municipal Professor Bento Munhoz da Rocha Neto.
O primeiro bem tombado como patrimônio histórico pelo Estado foi o Hotel Bandeirantes, no Centro de Convivência Renato Celidônio, em 2004. As capelas Santa Cruz e São Bonifácio também foram tombadas pelo Estado, em 2012 e 2015, respectivamente. Também em 2015, o painel de Poty Lazzarotto, instalado no Teatro Calil Haddad, foi tombado.
De acordo com o historiador da Gerência de Patrimônio Histórico, João Laércio Lopes Leal, Maringá tem um patrimônio histórico muito rico e significativo. “Maringá tem 72 anos, e chegou a essa idade com 420 mil habitantes, com muita diversidade, com mais de 300 bairros, cada um com características muito marcantes, e isso fez com que a cidade produzisse muitos elementos materiais. Se as vezes não tem muito valor arquitetônico, tem valor histórico, e isso faz com que a cidade seja privilegiada nesse aspecto. Além disso, temos uma política muito boa para preservar e valorizar isso”, afirma.
Imaginária local é considerada muito rica
Há, ainda, os bens da imaginária local, edificados para comemorar, homenagear ou marcar algum elemento histórico. São bustos, estátuas, obeliscos, efígies, painéis e murais, que também fazem parte do patrimônio histórico de Maringá. A cidade tem mais de 100. Em um levantamento realizado há cerca de três anos, a Gerência de Patrimônio Histórico listou 49 deles.
“Se fizermos uma varredura minuciosa, chegamos a 100 fácil. Maringá é muito rica nesse tipo de elemento histórico, que é a imaginária da cidade. Esses 49 a gente mapeou para poder entender como Maringá homenageia seus pioneiros, suas personalidades, suas datas históricas, enfim, tudo aquilo que diz respeito a história de Maringá”, ressalta João Laércio Lopes Leal.
Segundo ele, os mais significativos são a estátua do Peladão, o busto de Joubert de Carvalho, na Praça Raposa Tavares, o busto de Napoleão Moreira da Silva, na praça de mesmo nome, o obelisco de Nossa Senhora da Glória, padroeira de Maringá, em frente a Catedral, e o obelisco do Centro de Convivência Renato Celidônio, que é uma rampa.
Um desses 49 bens, a efígie de bronze do Gastão Vidigal, que estava instalada desde 1957 no antigo aeroporto de Maringá, na Avenida Gastão Vidigal, foi furtada há cerca de duas semanas.
Veja a lista com os 49 bens da imaginária local
- 1. Monumento ao Desbravador (estátua e machados), Praça 7 de Setembro, Av. Brasil.
- 2. Monumento do Rotary Clube, Praça 31 de Março, Av. Brasil.
- 3. Monumento a Bíblia, Centro de Convivência Dep. Renato Celidônio (Praça da prefeitura).
- 4. Monumento ao Corretor de Imóveis, Praça Raposo Tavares, Rua Joubert de Carvalho.
- 5. Monumento ao Cristo Ressuscitado, Praça Pio XII, Av.D. Manuel D′Elboux.
- 6. Monumento do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, Parque do Japão, Avenida Antonio Ruiz Saldanha.
- 7. Obelisco do Centro de Convivência Dep. Renato Celidônio (Praça da prefeitura).
- 8. Obelisco de Nossa Senhora da Glória, em frente a Catedral Nossa Senhora da Glória, Av. Tiradentes.
- 9. Obeliscos de Boas Vindas nas Entradas e Saídas de Maringá (quatro pontos distintos).
- 10. Obelisco do Novo Centro, Av. João Paulino Vieira Filho.
- 11. Obelisco da Linha do Trópico de Capricórnio, PR-317 (saída para Campo Mourão).
- 12. Obelisco da Praça Malaquias de Abreu (em frente ao Instituto de Educação Estadual de Maringá).
- 13. Obelisco da Vila Olímpica, Vila Olímpica, Av. Colombo.
- 14. Busto de Napoleão Moreira da Silva, Praça Napoleão Moreira da Silva, Av. Brasil.
- 15. Busto de Joubert de Carvalho, Praça Raposo Tavares, Rua Joubert de Carvalho.
- 16. Busto de Ary de Lima, Praça Kennedy, Av. XV de Novembro.
- 17. Busto de Tiradentes, Praça Manoel Ribas, Av. Tiradentes.
- 18. Busto de Duque de Caxias, Loja Maçônica, Av. Paraná.
- 19. Busto de Melvin Jones, Praça Lions, Av. Euclides da Cunha.
- 20. Busto de Heitor Alencar Furtado, Praça Heitor Alencar Furtado, Av. Carlos Borges.
- 21. Busto do Cônego Tanaka, Gruta/Santuário Nossa Senhora de Fátima, Rua Monsenhor Kimura.
- 22. Busto do Monsenhor Kimura, entrada do Colégio São Francisco Xavier, Rua Monsenhor Kimura.
- 23. Busto de Marcelino Champagnat, entrada do Colégio Marista, Av. Tiradentes.
- 24. Busto de Calil Haddad, Teatro Calil Haddad, Av. Dr. Luiz Teixeira Mendes.
- 25. Busto de Adriano Valente, Parque de Exposições Francisco Feio Ribeiro, Av. Colombo.
- 26. Cabeça de Nagib Neme, Edifício Nagib Neme, Av. XV de Novembro, esquina com Av. Duque de Caxias.
- 27. Cabeça de Zumbi dos Palmares, Praça Zumbi dos Palmares, Conjunto Santa Felicidade.
- 28. Efígie de Gastão Vidigal, antigo Aeroporto Gastão Vidigal, Av. Gastão Vidigal.
- 29. Estátua de Adriano Valente, Parque do Ingá, Av. São Paulo.
- 30. Estátua em Homenagem ao Pioneiro, ao lado do Parque do Ingá, Rua Neo Alves Martins.
- 31. Estátua do Zé Gotinha, Secretaria Municipal de Saúde, Av. Prudente de Moraes.
- 32. Estátua do Construtor, entrada da Loja Maçônica, Avenida Juscelino Kubitschek.
- 33. Painel Mosaico de Poty Lazzarotto, Teatro Calil Haddad, Av. Dr. Luiz Teixeira Mendes.
- 34. Painel da Fachada da Secretaria Municipal de Saúde, Secretaria Municipal de Saúde, Av. Prudente de Moraes.
- 35. Painel em Alto Relevo de Poty Lazzarotto, Hipermercado BIG, Av. Tuiuti.
- 36. Painéis Artísticos do Viaduto da Avenida Tuiuti, Av. Tuiuti.
- 37. Painel Artístico do Restaurante Villa Gourmet, Praça dos Expedicionários, Av. Rio Branco.
- 38. Painel Histórico Artístico do Hotel Thomasi, Av. Colombo.
- 39. Painel Histórico Artístico do Atacadão, Rua Fernão Dias.
- 40. Painel Histórico Artístico do Colégio Santa Cruz, Rua Antonio Scramim.
- 41. Painel Histórico Artístico do Colégio Santa Cruz (interno), Praça 7 de Setembro.
- 42. Painel Externo do Fórum, Av. Tiradentes.
- 43. Painel da Associação Indigenista de Maringá (Assindi), BR-376, Km 170.
- 44. Painel Artístico da Vila Olímpica, Vila Olímpica, Av. Colombo.
- 45. Painel Histórico Artístico Colheita do Café, Av. Getúlio Vargas.
- 46. Coluna das Cidades Irmãs de Maringá, Centro de Convivência Dep. Renato Celidônio (Praça da Prefeitura).
- 47. Instalação da Praça José Bonifácio, Av. Brasil.
- 48. Instalação da Praça Pedro Alvares Cabral (Praça da patinação), Av. Cerro Azul.
- 49. Instalações da Vila Olímpica (ciclista, jogador de futebol e maratonista), Vila Olímpica, Av. Colombo.
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