Lixo descartado irregularmente, falta de vegetação nativa e degradação nos córregos urbanos de Maringá

Compartilhar

Você sabe como está a situação do riacho mais próximo do lugar onde mora? Há, pelos menos, 27 córregos urbanos em Maringá e as condições atuais, segundo membros do Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura (Nupélia) da Universidade Estadual de Maringá (UEM), são de degradação.

“Não há vegetação nativa nas margens e a quantidade de lixo destinado nesses ambientes é muito grande”, explica a professora do departamento de Biologia da UEM e membro do Nupélia, Evanilde Benedito.

Na quarta-feira (5/6), Dia Mundial do Meio Ambiente, ela e biólogo do programa Universidade Sem Fronteiras, Matheus Scoarize, apresentaram um diagnóstico dos córregos urbanos de Maringá na programação da Semana do Meio Ambiente.

Para fazer o levantamento, foram utilizadas imagens de satélite e realizadas visitas a quatro córregos urbanos de Maringá. Foram analisadas as condições do Córrego Nazareth, Córrego Mandacaru, Córrego Guaiapó e Ribeirão Pinguim.

O cenário encontrado foi uma grande quantidade de lixo descartado irregularmente, árvores baixas e que não são nativas, o que contribui para erosão, e até casas irregulares construídas próximas aos leitos d´água.

Biólogo do programa Universidade Sem Fronteiras, Matheus Scoarize foi até os riachos para fazer visitas e fotografou o cenário encontrado. Ele conta que presenciou carros e pessoas descartando lixo nos locais.

Segundo Scoarize, alguns bairros têm uma relação mais forte com o riacho, mas em algumas regiões da cidade não há envolvimento da comunidade. “A gente percebeu que quem sofreu com alguma doença como a dengue, observa mais como está a situação”.

Cuidar dos córregos é garantir qualidade de vida

Maringá é considerada uma cidade arborizada e planejada. Para algumas pessoas, a cidade só não é perfeita porque falta uma praia. No entanto, segundo a professora Evanilde Benedito, Maringá é cercada por grande quantidade de água doce potável, o que traz benefícios para a cidade. “Temos o privilégio de estarmos próximos a grandes rios”, diz.

Para ela, cuidar dos córregos é o que garante qualidade de vida para as pessoas. Evanilde alerta, por exemplo, que a sujeira encontrada nos riachos urbanos faz desse ambiente um local favorável para proliferação do mosquito da dengue e escorpiões.

“Precisa ter um envolvimento e uma sensibilização muito grande da comunidade para que esses ambientes não sofram do jeito que estão sofrendo, com essa quantidade de lixo”.

Na visão dos membros do Nupélia, para resolver a situação dos riachos é necessário envolvimento da sociedade, empresas e do poder público. Entre as medidas que podem ser tomadas para melhorar a situação dos córregos urbanos de Maringá estão o reflorestamento adequado nas margens, impedir o descarte de lixo e outros materiais nos riachos e não permitir o lançamento de peixes.

Para despertar a consciência da sociedade sobre a preservação dos córregos, o projeto de extensão do Programa de Pós-graduação em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais (PEA), batizado de SOS Riachos de Maringá, desenvolve ações e mostras científicas com alunos de escolas municipais. Atualmente, o projeto conta com 82 integrantes e reúne alunos de graduação, pós-gradações, professores e membros da comunidade.

Para a professora do departamento de biologia da UEM, Evanilde Benedito, a comunidade de cada bairro deve estar atenta a situação dos riachos. “É importante que cada um se sinta responsável pelo meio ambiente e responsável pelo seu lixo. Nós somos parte da natureza, não somos mais que a natureza. Somos animais dentro dela e dependemos do equilíbrio do meio ambiente para termos saúde”.

A reportagem do Maringá Post entrou em contato com a Secretaria de Meio Ambiente e Bem-Estar Animal da Prefeitura de Maringá para saber quais as medidas e projetos que têm sido adotados, mas a reportagem ainda não recebeu as respostas solicitadas.


Compartilhar

Autor

Notícias Relacionadas