“Nas ruas, nas praças, quem disse que sumiu? Aqui está presente o movimento estudantil”. Esse foi o grito que ecoava pelo som do trio elétrico e dos estudantes universitários, secundaristas, professores e líderes sindicais que tomaram as ruas de Maringá para protestar contra o contingenciamento de recursos na educação.
Batizado nas redes sociais de #30MpelaEducação, é a segunda vez no mês que os estudantes saem as ruas. Além de Maringá, pelo menos 135 cidades do Brasil também registram atos.
Em Maringá, era pouco mais de 17h30, o sol se despedia do dia 30 de maio de 2019, quando os estudantes ergueram as cartolinas, que se transformaram em instrumento de crítica misturado com muita criatividade, e começaram a percorrer ruas e avenidas da cidade. Segundo a Polícia Militar eram 1,5 mil, mas os organizadores estimam em 3,5 mil participantes.
As baterias universitárias e o grupo Baque Mulher serviram de apoio rítmico para as palavras de ordem que partiam do movimento estudantil. Quando o protesto chegou na Avenida Brasil, as palavras e os gritos dos manifestantes pareciam ficar mais fortes e intensos.
Os comerciantes que fechavam as portas para encerrar mais um dia e o trabalhador que pegava o transporte coletivo para voltar para casa, paravam para observar o movimento. Fato é que Maringá não está ou pelo menos não estava acostumada com manifestações estudantis. Mas como diziam os próprios manifestantes: “O movimento estudantil está organizado”.
O apoio vinha de quem menos se esperava, desde os motoqueiros que buzinavam (aqui não se sabe se era em apoio ou pela falta de paciência no trânsito) e até de quem estava na academia e levantava os braços em um sinal de “é isso aí”. Os manifestantes aproveitavam para chamar as pessoas para a greve geral, marcada para o dia 14 de junho, contra a reforma da previdência. “Trabalhador, presta atenção. O Bolsonaro só trabalha para o patrão”, era a palavra de ordem.
Os estudantes também mandaram recado para o governador Ratinho Junior (PSD) que afirmou que pretende repassar os recursos para as universidades estaduais em um modelo de meritocracia. Os manifestantes lembraram das dificuldades enfrentadas pelo Lepac da UEM por causa da Drem, em que 30% dos recursos próprios da universidade vão para o caixa geral do governo. “Ratinho Junior, fica ligado. O movimento estudantil está organizado”.
Em meio as palavras de ordem, os manifestantes informavam o número de atendimentos que a UEM realiza na área da saúde, as pesquisas desenvolvidas e o número profissionais formados na universidade. O recado foi dado até para o Ministro Sérgio Moro, formado em direito na instituição. “Bolsonaro se lembra disso, essa balbúrdia formou o seu ministro”.
Líderes de movimentos sindicais também subiram no trio elétrico e aproveitaram a brecha para soltar um “Lula Livre”, mas logo foram interrompidos pelos gritos dos estudantes em favor da educação.
O deputado federal Enio Verri (PT) também pegou o microfone. Se referindo aos protestantes como “companheirada”, ele criticou os cortes na educação. Em tom de denúncia, o deputado disse que o Ministro da Educação, Abraham Weintraub, está pedindo votos aos parlamentares em favor da reforma da previdência para liberar emendas.
Apesar da grande maioria jovem, era possível observar que mães com os filhos e alunos da Universidade Aberta à Terceira Idade (Unati) da UEM também ocupavam as ruas. Por meio da cartolina, os estudantes demonstravam senso crítico com frases em apoio a educação e contra o governo.
Outro instrumento utilizado durante o protesto foi a criatividade. Os participantes erguiam cartazes com fases como “o conhecimento destrói mitos”, em referência ao presidente que é chamado de mito pelos apoiadores, e “educação acima de tudo, universidade para todos”. Teve manifestante que aproveitou a versão brasileira da música “Shallow’, da Lady Gaga, para mandar o recado: “Juntos pela educação e Shallow Now”.
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