Projeto que ensina Português para haitianos, Raízes e Asas lança plataforma online com videoaulas

No momento, existem 11 vídeos que foram gravados em parceria com a UEM-TV. Até junho, o grupo planeja ter 30 videoaulas disponíveis.

  • O projeto Raízes e Asas, que reúne estudantes da Universidade Estadual de Maringá (UEM), ensina a Língua Portuguesa para haitianos que moram na cidade desde 2017. As aulas, que antes eram presenciais e ficavam restritas aos imigrantes que vivem em Maringá, agora foram disponibilizadas de forma gratuita na plataforma online do projeto na internet.

    A plataforma foi lançada em 18 de maio, data que os haitianos celebram o Dia da Bandeira do Haiti, símbolo da luta pela independência do país.

    A ideia dos estudantes é que os haitianos aprendam, em vídeos curtos, conteúdos que possam ser usados no cotidiano. É possível assistir a aula pelo celular, no transporte coletivo indo para o trabalho, por exemplo, em apenas cinco minutos.

    “A ideia das videoaulas não é só ensinar Português ou gramática, mas apresentar conteúdos do dia a dia, vocabulário sobre mercado, hospital e farmácia”, explicou o gerente do projeto e estudante de Engenharia de Alimentos na UEM, Guilherme Nascimento dos Santos, de 21 anos.

    O Raízes e Asas faz parte da Enactus, uma organização estudantil sem fins lucrativos presente em todo o mundo. Em Maringá, a Enactus é formada por estudantes de diversos cursos da UEM e foi fundada em 2013. Atualmente, cerca de nove estudantes estão envolvidos com a iniciativa que ensina Português para haitianos.

    Para colocar a ideia em prática, o grupo teve auxilio de um haitiano que ajudou a selecionar os conteúdos que seriam abordados nas videoaulas. Os roteiros foram revisados pela professora do departamento de Letras da UEM, Wilselene Gatto. Além dos vídeos, o grupo também elaborou perguntas para que no final de cada aula o imigrante possa reforçar o que aprendeu.

    O curso do projeto Raízes e Asas é dividido em três níveis: básico, intermediário e avançado. As aulas abordam desde alfabeto, palavras comuns para o cotidiano, até futebol, culinária e música brasileira. No momento, estão disponíveis 11 vídeos que foram gravados em parceria com a UEM-TV. Até junho, o grupo planeja ter 30 videoaulas disponíveis.

    A ideia de ensinar a Língua Portuguesa para haitianos surgiu em 2016. Porém, a iniciativa começou em 2017 com aulas presenciais e, ao final daquele ano, foram entregues 40 certificados para os participantes.

    Em 2019, o projeto Raízes e Asas recebeu o Prêmio Ozires Silva de Empreendedorismo Sustentável pelo trabalho realizado. A iniciativa ganhou o primeiro lugar na categoria Social da premiação que reuniu projetos de todo o Brasil.

    A partir de agora, para atender mais imigrantes o grupo não vai realizar aulas presenciais. O objetivo é focar na produção de conteúdos para atualizar a plataforma online. Para ter acesso aos vídeos é necessário apenas um cadastro inicial no site.

    “A nossa ideia é ajudar, mostrar para eles que se estão sem tempo de frequentar aulas presenciais, podem acabar vendo as videoaulas”, contou o gerente do Raízes e Asas, Guilherme Nascimento.

    Associação de estrangeiros foi declarada de utilidade pública

    Outra entidade que encaminha estrangeiros para cursos de capacitação, vagas de empregos, obtenção de documentos e outras atividades é a Associação de Estrangeiros Residentes na Região de Maringá (AERM). Na terça-feira (21/5), a Câmara de Maringá aprovou, em segunda discussão, o projeto de lei de autoria do vereador Carlos Mariucci (PT) que declara de utilidade pública a associação.

    Criada há mais de um ano, a AERM já realizou aproximadamente mil atendimentos. Em parceria com a Associação de Reflexão e Ação Social (ARAS) Caritas, a AERM também desenvolve projeto em que disponibiliza intérprete para auxiliar nos atendimentos dos órgãos públicos de Maringá, Sarandi, Marialva, Mandaguari e Paiçandu.

    Para o presidente da AERM, Ronelson Furtado Balde, a aprovação do projeto traz benefícios para a associação e contribuiu para que a entidade amplie as atividades ofertadas paras os imigrantes. A estimativa da AERM é que mais de 7 mil estrangeiros vivem em Maringá.

    “O projeto aprovado na Câmara muda bastante em relação as parcerias que o município pode fazer com a associação. Você consegue ter mais chances de fazer parcerias, ser contemplado em convênios e desenvolver projetos com apoio do município”, explicou Ronelson Balde.

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