Projeto que ensina português para haitianos em Maringá, Raízes e Asas é ganhador do Prêmio Ozires Silva

Projeto Raízes e Asas é desenvolvido por estudantes da Universidade Estadual de Maringá (UEM).

  • O projeto Raízes e Asas, que reúne estudantes da Universidade Estadual de Maringá (UEM), recebeu o Prêmio Ozires Silva de Empreendedorismo Sustentável. A iniciativa, que ensina língua portuguesa para haitianos que moram em Maringá, ganhou o primeiro lugar na categoria Social da premiação que reuniu projetos de todo o Brasil.

    A cerimônia de premiação ocorreu na noite de quarta-feira (13/2) em Curitiba. O evento é uma iniciativa da ISAE Escola de Negócios, com patrocínio do Sebrae Paraná, Itaipu Binacional, Copel e Moondu. O objetivo é reconhecer projetos de empresas, pessoas físicas e estudantes que colaborem para o desenvolvimento sustentável e tragam benefícios para a sociedade.

    Além do Raízes e Asas, o projeto Cooperativa Mirim, ligado ao Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob), também ganhou em primeiro lugar na categoria Educação. Presente no Pará, Rio de Janeiro e no Paraná, a Cooperativa Mirim também é desenvolvida no Lar Escola Criança de Maringá.

    O Raízes e Asas faz parte da Enactus, uma organização estudantil sem fins lucrativos presente em todo o mundo. Em Maringá, a Enactus é formada por estudantes de diversos cursos da UEM e foi fundada em 2013. A organização já levou o Prêmio Ozires Silva outras duas vezes, em 2017 na categoria Empreendedorismo na Educação com o projeto Despertar e no ano passado na categoria Ambiental com o projeto Maná.

    O gerente do projeto Raízes e Asas, Guilherme Nascimento dos Santos, de 21 anos, contou que a ideia de ensinar a língua portuguesa para haitianos surgiu em 2016. Porém, existia um impasse, ninguém da Enactus era estudante de Letras. O Guilherme, por exemplo, cursa Engenharia de Alimentos.

    A iniciativa começou em 2017 com aulas presenciais e, ao final daquele ano, foram entregues 40 certificados. Em 2018 o projeto ficou parado, mas por um bom motivo. Os estudantes querem atender mais haitianos com o ensino da língua portuguesa e, para isso, trabalharam o ano todo para produzir e gravar aulas em parceria com uma empresa de tecnologia e a UEM-TV.

    Os oito jovens que fazem parte do projeto também encontraram a professora do departamento de Letras da UEM, Wilselene Gatto, que aceitou ajudar.A expectativa é que o projeto volte ainda neste semestre.

    “O nome do projeto é inspirado em um poema de Paulo Coelho, que traz a ideia de que precisamos de asas para enxergar novos horizontes, como a nova realidade encarada pelos imigrantes, mas preservando suas raízes, pois são elas que mantém sua cultura mãe”, contou Guilherme dos Santos.

    Projeto no Lar Escola de Maringá também foi premiado

    O projeto do Sicoob chamado Cooperativa Mirim também recebeu o prêmio Ozires Silva na categoria Empreendedorismo Educacional. A primeira cooperativa surgiu em Paranavaí, em 2012, e atualmente são 23 distribuídas nos estados do Paraná, Pará e Rio de Janeiro. No total, são 752 alunos associados.

    Em Maringá, a Cooperativa Mirim foi fundada em 2014 no Lar Escola da Criança e recebe o nome de Cooperativa Mirim o Mundo em Nossas Mãos. A ideia do projeto é que alunos entre 8 e 17 anos de idade possam desenvolver os princípios do cooperativismo, do trabalho em equipe e se tornem futuros líderes de bairro.

    Para isso, as crianças e adolescentes criam uma cooperativa e por meio de um objeto de aprendizagem produzem produtos que atendam demandas do grupo social em que estão inseridos. Em Maringá, são 49 alunos, chamados de associados, que comandam a cooperativa. Cada um desenvolve uma função na cooperativa, como presidente, tesoureiro e entre outras.

    Os alunos do Lar Escola desenvolvem como objeto de aprendizagem o artesanato que é comercializado para fazer a manutenção da cooperativa. O projeto segue à risca as normas do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Porém, o foco principal é desenvolver o lado social para que cada um possa atuar diretamente na comunidade que está inserido.

    Solange Pinzon de Carvalho Martins, que tem em sua trajetória os cargos de conselheira e presidente do Instituto Sicoob, além de também presidir o Sicoob Meridional, cooperativa que é referência na execução do programa Cooperativa Mirim, destaca que a conquista serve como reconhecimento de um trabalho sério desenvolvido há anos.

    “Este prêmio veio coroar um belíssimo trabalho iniciado lá atrás, e que, a cada dia, cresce em importância, dada a relevância na formação de nossos futuros líderes. Uma criança que vivencia um trabalho baseado na cooperação e assimila os valores do cooperativismo certamente se tornará um cidadão capaz de transformar e influenciar o mundo em volta dele”, afirmou.

    O Superintendente do Instituo Sicoob, Luiz Edson Feltrim, reconhece que a premiação é fruto da atuação da equipe que se dedica, com profissionalismo, para divulgar a cultura cooperativista por meio de várias iniciativas, entre elas, a Cooperativa Mirim, que tem feito diferença onde é aplicada. “O prêmio recebido é motivo de orgulho para todos nós do Instituto Sicoob”, disse.

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