Com forte apelo para participação dos cristãos na formulação das políticas públicas e procurando se desvincular do cenário político-partidário, a Arquidiocese de Maringá lançou na manhã desta quarta-feira (6/3) a Campanha da Fraternidade 2019. O tema deste ano é fraternidade e políticas públicas e o lema “Serás libertado pelo direito e pela justiça”.
A Campanha da Fraternidade também marca o início da Quaresma, período de 40 dias antes da Páscoa que é marcado como tempo de reflexão e conversão para os católicos. Neste ano, a Igreja Católica pretende chamar atenção dos fiéis para a participação cidadã e o engajamento da sociedade nas decisões dos gestores públicos.
“Nós queremos despertar a consciência de todo cidadão na participação ativa das políticas públicas e promover a vida em abundância. A Campanha da Fraternidade veio para despertar e não criticar”, disse o Arcebispo de Maringá, Dom Anuar Battisti.
Ele também aproveitou para explicar que o tema desse ano não é uma crítica ao governo de Jair Bolsonaro (PSL). “Essa campanha serve para o governo anterior, o atual e o futuro, porque é dever do gestor promover o bem comum de todos. Agora, se faz ou não, o problema é a nossa participação”, afirmou o Arcebispo de Maringá.
A relação estremecida entre a Igreja Católica e o governo federal foi divulgada pelo jornal Estado de S. Paulo. Segundo o jornal, o planalto considera a igreja como possível opositora do governo por se envolver em questões ambientais e na demarcação de terras indígenas, assuntos que serão discutidos no Sínodo da Amazônia em Roma.
Segundo Battisti, alguns grupos católicos se recusaram a ajudar na divulgação da Campanha da Fraternidade por acreditarem que a igreja estava se posicionando de forma político-partidária ao definir políticas públicas como tema nesse ano.
“A igreja não faz política, a palavra de Deus é clara e diz que a fé sem obras não adianta. Desde 1963, a Campanha da Fraternidade coincide com a Quaresma porque é um tempo de conversão e caridade, mas essa caridade sem chegar no irmão não tem sentido”, disse Dom Anuar.
Observatório Social de Maringá é destaque
O lançamento da Campanha da Fraternidade reuniu autoridades religiosas e políticas na sede do Observatório Social de Maringá (OSM), que fica na Associação Comercial Empresarial de Maringá (ACIM). O OSM foi citado como exemplo de cidadania e participação popular no texto-base da campanha. A iniciativa é pioneira no país na fiscalização e acompanhamento dos gastos públicos.
Para a presidente do Observatório Social de Maringá, Giuliana Lenza, a Campanha da Fraternidade mostra que exemplos como o OSM são possíveis e também podem trazer resultados em outros municípios.
“Nesses 15 anos, o OSM teve como missão promover a maior participação na gestão pública. Nesse ponto, a nossa missão coincide com a proposta da Campanha da Fraternidade, que é fazer o cidadão passar para uma ação mais ativa e influenciadora de políticas públicas”, disse Giuliana.
O prefeito Ulisses Maia (PDT), que também esteve no lançamento, destacou que a Campanha da Fraternidade é trabalhada nas igrejas católicas da todo o Brasil, o que torna o OSM referência para outras cidades. “Mais uma vez, nossa cidade é exemplo positivo para o país. Quando percebemos que uma iniciativa daqui é referência para todo o Brasil, nos orgulhamos muito”, afirmou.
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