A expectativa dos usuários do transporte coletivo para o término das obras do Terminal Intermodal de Maringá é grande. A prefeitura informou que 98% das estruturas do mezanino estão instaladas, que as obras seguem dentro do cronograma e devem ser finalizadas em setembro deste ano.
O Maringá Post esteve na manhã desta sexta-feira (1/2) na Praça Raposo Tavares e na Avenida Tamandaré, onde estão instalados os pontos de ônibus do terminal provisório montado pela prefeitura.
Em meio a passos apressados de quem anda o mais rápido possível para não chegar atrasado no trabalho e com um cafezinho na mão para espantar o sono, a reportagem conversou com seis passageiros e vendedores ambulantes. Para quem acompanha de perto as obras, que devem custar R$ 50 milhões, há mais perguntas do que respostas.
Casados há cerca de 60 anos, os aposentados Maria Leonor Garcia, de 80 anos, e Acyr Cândido Tostes, de 84, esperavam a linha 177 (Itaipu-Ebenezer) em baixo de tendas improvisadas para irem até o médico. Os dois são enfáticos e dizem não acreditar que as obras fiquem prontas até setembro. “Essas coisas são demoradas”, afirmaram.
Thalita da Silva Rocha, de 20, trabalha em um pet shop na Vila Morangueira. Para chegar ao trabalho, ela pega duas linhas, a 177 (Itaipu-Ebenezer) até o terminal e a 137 (Conjunto H. Moraes de Barros) até o emprego. Por causa das obras no terminal, ela pega um ônibus mais cedo onde mora para dar tempo de chegar no centro e se deslocar até o o ponto do segundo ônibus que fica na Praça Raposo Tavares.
A expectativa de Thalita é que com o Terminal Intermodal pronto, ela não precise se deslocar tanto para embarcar no segundo ônibus. Porém, ela também não acredita muito nos prazos da obra anunciados pela prefeitura. “Reparando ali [nas obras], olha não sei, acho que não termina não”, afirmou.
Rosimeire Rincão, de 50, está desempregada. Ela mora em Sarandi e aguardava a linha 736 (Jd. Paris) para chegar à casa da irmã. Como os outros passageiros, ela não acredita que as obras devem ficar prontas até setembro. “Acho que não, do tempo que está aí. Até que está bem avançada [a construção], quem sabe não me engano também né”, disse.
Com os termômetros marcando temperaturas acima dos 30º nos últimos dias, ela reclama do calor e da lotação no transporte coletivo. “Em vez de colocar ar, foram colocar Wi-Fi”, afirmou Rosimeire sobre a internet móvel gratuita disponível em toda a frota de ônibus do município.
Em Maringá, apenas seis ônibus, chamados de “Mega BRT“, têm ar-condicionado. Segundo a Transporte Coletivo Cidade Canção (TCCC), responsável pelo transporte coletivo na cidade, a instalação de ar-condicionado na atual frota de ônibus não tem viabilidade.
Vendedores ambulantes preocupados
O novo terminal terá três acessos aos usuários e cruzará a Avenida Tamandaré até o lado norte da Avenida Horácio Raccanello Filho. Segundo a prefeitura, o novo espaço abrigará uma praça de alimentação com 15 restaurantes. No entanto, vendedores ambulantes que comercializam café, leite e bolo em mesinhas improvisadas próximo aos pontos de ônibus, não sabem o que vão fazer quando as obras no terminal estiverem prontas.
Ao serem questionados sobre como ficariam as vendas após o novo terminal, todos eles devolvem a pergunta para o repórter, na tentativa de encontrarem uma resposta que eles ainda não têm. Alguns vendedores, que preferiram não se identificar, vêm de cidades vizinhas e têm na venda do pedaço de bolo ou do copo de café a única fonte de renda
“Eu tô tentando viver disso, mas tenho apanhado com as contas. Tenho 54 anos e eu não arranjo emprego, as empresas dizem que a gente não aguenta com peso ou que vamos ficar doente por causa da idade”, disse um dos vendedores que tem o desejo de regularizar o negócio, mas conta que as condições propostas impossibilitam que ele formalize o negócio.
Para outra vendedora, que chega por volta das 5 horas da manhã e só vai embora depois das 8h, quando já acabou todo o café, as estruturas do novo terminal parecem projeto do arquiteto Oscar Niemeyer, famoso pela construção de Brasília. Porém, a mesma obra que espanta pela grandiosidade, também causa incertezas. “Estamos vulneráveis, como peixe no anzol, precisando de ajuda.”
Prefeitura diz que vai instalar 50 câmeras no novo terminal
O mezanino, que está quase concluído, também concentrará lojas, sanitários e parte do setor administrativo. A estrutura ficará sob os três pórticos em arcos de cobertura, previstos no projeto, que terão 17,5 metros de atura e 69 metros de comprimento. A ideia é que as estruturas remetam à arquitetura da antiga estação rodoviária.
Segundo a prefeitura, as estruturas do mezanino estarão prontas dentro de 30 dias. A próxima etapa é a instalação de vidros temperados e esquadrias de alumínio que complementam o mezanino e a estrutura de embarque e desembarque dos passageiros.
A prefeitura também informou que já prepara a instalação de 50 monitores que vão informar os usuários sobre as linhas de ônibus. Também são previstas 50 câmeras para monitoramento do terminal. É prevista para março, a conclusão de obras das plataformas de ônibus que após a instalação das bases vão receber coberturas.
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