Colégio Estadual João XXIII passa a ser Colégio da Polícia Militar em 2019. Ainda não haverá mudanças na seleção de novos alunos, mas uniforme e regras ficam mais rígidos

  • Assim como já ocorre em Curitiba e Londrina, Maringá passa a ter a partir de 2019 um Colégio da Polícia Militar. A instituição vai ser instalada no atual Colégio Estadual João XXIII, que fica na Avenida Monteiro Lobato. O decreto que institui a criação do colégio foi assinado este mês pela governadora Cida Borghetti.

    Aos 1.100 alunos já matriculados no João XXIII será oferecida a possibilidade de continuar normalmente no colégio. Nos colégios da PM a seleção para novos alunos é feita através de uma prova, mas neste primeiro momento em Maringá, de acordo com a Secretaria de Estado de Educação (Seed), os novos alunos serão aceitos conforme a capacidade disponível, como acontece em toda a rede estadual, sem o teste seletivo.

    A atual diretora do colégio, Marceli Delgado, explica que as disciplinas e conteúdo continuam os mesmos da rede estadual de ensino,  assim como os professores e equipe pedagógica. “O que eles têm de diferente é uma disciplina que fala de civismo e ética e que provavelmente vai ser ministrada por alguém da PM”, diz.

    A direção do colégio também deve mudar. Nos outros colégios da PM, os diretores são indicados pela Secretaria de Estado da Segurança Pública e não pela comunidade. Marceli disse que ainda tem pela frente um ano de mandato como diretora e que, por enquanto, essa questão não foi discutida com a Polícia Militar.

    Comunidade escolar aprovou a mudança

    Para definir qual instituição de Maringá receberia o CPM, o comandante da Academia Policial Militar do Guatupê e diretor de Ensino e Pesquisa da PM, coronel Mauro Celso Monteiro, visitou três colégios antes de escolher o João XXIII. Os outros dois não foram divulgados.

    A diretora Marceli disse que o colégio foi considerado ideal pela estrutura e tamanho, que é de 20 mil m². Ela explicou que primeiramente foi feita uma reunião com pais, alunos, professores e funcionários da escola, quando uma equipe do Colégio da Polícia Militar de Londrina esteve presente explicando todas as mudanças que seriam feitas com a instalação da unidade. “Depois foi feita uma votação e 82% aceitaram a vinda do CPM”, relata.

    Esse ano, o Colégio João XXIII passou por uma reforma para reparar telhado, forro e pinturas, no valor de R$ 1,19 milhão. Por enquanto, a Secretaria de Educação e a Polícia Militar não souberam informar se vai haver mais alguma mudança.

    O que muda realmente no Colégio da Polícia Militar

    Para os alunos, as principais mudanças ocorrem em relação ao uniforme e às regras de comportamento dentro do colégio. O uniforme passa a ser obrigatório e é composto por boina preta, camisa azul, calça chumbo, cinto preto, fivela prata, sapatos pretos e meias pretas. Os estudantes recebem também peças de inverno, de gala, e um agasalho para as aulas de educação física.

    Em colégios da PM, os alunos precisam obedecer a regras e normas típicas da formação militar. Assim como observar princípios da corporação como disciplina, responsabilidade e hierarquia. O manual do aluno, disponível na página do CPM de Londrina na internet, aponta a proibição de brincos e piercings e a exigência de sapatos lustrados. As meninas devem usar os cabelos presos e os meninos cortá-los como definido pela corporação.

    Entre as regras para a boa convivência está a determinação de que cada sala de aula deverá ter alunos denominados chefe e subchefe da turma. Esses alunos são escolhidos conforme critérios da direção e quesitos como rendimento escolar e disciplina. Esses comandantes exercem o controle das turmas e devem ter as orientações acatadas pelos outros alunos.

    Prioridade para filhos de militares

    Uma parte das vagas dos colégio da PM costuma ser destinada a filhos de policiais e bombeiros militares. A porcentagem depende do regimento interno de cada colégio, mas em Curitiba e Londrina, atualmente, devem ser destinadas 60% das vagas para filhos de militares. Todos passam pelo teste classificatório.

    Conforme explicou a Secretaria de Educação, em Maringá neste primeiro ano, os alunos novos vão ser selecionados conforme disponibilidade de vagas, sem necessidade de uma prova. Somente a partir de 2020 é que os novos alunos de deverão passar pelo teste classificatório. Esse teste seleciona alunos para o 6º ano do Ensino Fundamental e para o 1º ano do Ensino Médio.

    Em Londrina, para o ano que vem, as inscrições se encerraram e os interessados pagaram uma taxa de R$ 90 reais pela inscrição. A prova traz questões de disciplinas comuns como língua portuguesa, matemática, geografia e história, ciências e a produção de um texto.

    Primeiras unidades do Colégio da Polícia Militar

    Em Curitiba o Colégio da Polícia Militar tem mais de 50 anos. Ele foi criado em 1959, por decreto do governador Moysés Lupion, e se chamava Ginásio do Centro de Formação e Aperfeiçoamento (CFA) da Polícia Militar do Paraná. O Coronel Felippe de Sousa Miranda foi o primeiro comandante-diretor.

    Funcionou até 1971 apenas para meninos, ano em que mudou de nome para Colégio da Polícia Militar e passou a abrir turmas femininas. Dez anos depois, em 1981, mudou de nome para CPM Coronel Felippe de Sousa Miranda, em homenagem ao primeiro diretor.

    Em 2015, o CPM alcançou média de 6,8 pontos no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e está entre os melhores colégios do Paraná. A média estadual foi de 4,6 pontos.

    Londrina recebeu a primeira unidade de Colégio da Polícia Militar do Paraná do interior do Estado. A unidade foi instalada no antigo Colégio São José, após um investimento de R$ 730 mil. A instituição funciona desde 19 de fevereiro de 2018, com 27 professores, dentre os quais quatro são militares. São 362 alunos ao todo, dos ensinos fundamental e médio, sendo que 120 foram selecionados por meio de concurso.

    Além de Maringá, o decreto da governadora Cida Borghetti cria CPM´s em Cornélio Procópio e Cascavel.

    Comentários estão fechados.