Um grupo de pessoas pretende levar às ruas de Maringá, neste sábado (25/8), a discussão sobre a atual política de drogas do Brasil. A Marcha da Maconha, organizada pela Associação Antiproibicionista de Maringá, encerra os debates realizados durante a semana e que abordaram vários aspectos de políticas públicas e o uso medicinal da cannabis.
A marcha começa às 14h na Praça Deputado Renato Celidônio, com uma oficina de confecção de cartazes e bandeiras. Durante o ato, segundo a organização,estarão discursando juízes, desembargadores, médicos e outros estudiosos favoráveis a liberação do uso recreativo e medicinal da maconha.
Por volta das 16h20, horário simbólico na cultura canábica, os participantes acompanham um trio elétrico pela cidade até o estacionamento do Estádio Willie Davids. Lá, o microfone será aberto para os participantes do ato expor seus argumentos e participar da discussão. Na página oficial do evento no Facebook, mais de mil pessoas confirmaram presença.
Para um dos coordenadores da Marcha da Maconha, Matheus Gomes, o ato tem caráter educativo e “não é um dia de festa, mas de discussão”. Segundo ele, o grupo defende a regulamentação do uso recreativo e medicinal da maconha e uma política de drogas eficaz, que “não sirva apenas para o encarceramento da população negra e feminina”.
“Quando a gente discute políticas de drogas – afirma Gomes -, não queremos que todo mundo use drogas, mas que leve essa discussão para a lei. Não é incentivar o uso, mas encontrar as melhores maneiras de tratar as políticas públicas sobre esse tema, que está presente no dia a dia de boa parte da população”..
De acordo com o coordenador, a secretaria de Mobilidade Urbana, a Guarda Municipal e o 4º Batalhão da Polícia Militar foram informados sobre o ato e serão responsáveis pela segurança dos participantes. Em 2011, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) definiram que Marcha da Maconha não é uma apologia ao uso da droga, mas movimento social.
Ele diz que os participantes foram alertados para que não usem drogas durante o ato, já que o uso é proibido. “A gente está ressaltando para ninguém fumar na manifestação. Na Praça da Prefeitura vamos fazer esse pedido novamente. Mas se a lei não consegue coibir o uso e as pessoas não respeitam a lei, quem somos nós?”, acrescenta.
Debates continuam nesta quinta e sexta
Nesta quinta-feira (23/8), a discussão é sobre as drogas e a questão jurídica. O debate ocorre às 19h no bloco I 12 da Universidade Estadual de Maringá (UEM), com a presença do juiz e mestre em Direito, Flávio Capela, e o professor da UEM e mestre em Direito Processual, Belmiro Patto. Ambos defendem a regulamentação do uso da cannabis.
Na sexta-feira (24/8), o debate será voltado para a política de redução de danos com a presença do diretor do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas de Maringá, Leandro Carmo de Souza. A discussão começa às 19h no auditório do Sinteemar.
Mais de 400 pessoas participaram de discussões sobre o uso da cannabis durante esta semana. Na quarta-feira (22/8), mães e pais com filhos que têm algum tipo de deficiência foram convidados para discutirem sobre o uso medicinal da Cannabis.
Segundo Matheus Gomes, mais de 20 mães e pais que tem filhos com autismo ou outros transtornos, debateram o tema. A maior parte deles conseguiu na Justiça a liberação para usar o óleo de canabidiol no tratamento. Outros ainda aguardam a decisão judicial.
Para o coordenador da marcha, quem participou da discussão deu um retorno positivo para a organização do movimento. Porém, nas redes sociais a recepção não foi a mesma e algumas pessoas se manifestaram contra as discussões e a Marcha da Maconha.
“Todas as pessoas que fizeram críticas na rede social dizendo que apoiamos o uso, foram chamadas para participar do evento. Acho que o retorno da sociedade é positivo, mas a gente tem que ter didática e cautela para discutir com essas pessoas, já que é um tema complexo e delicado”, diz Matheus Gomes.
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