Condições críticas dos rios Paranapanema e Pirapó, que abastece Maringá, serão tema de audiência pública do Instituto das Águas do Paraná

  • Para discutir com setores da sociedade saídas para melhorar a qualidade das águas dos rios Paranapanema e Pirapó, o Instituto das Águas do Paraná marcou uma audiência pública para a quinta-feira (5/7), a partir das 19h no auditório Hélio Moreira da Silva, na Prefeitura de Maringá.

    Durante a audiência será apresentado, o enquadramento dos corpos de água, um dos instrumentos da política nacional de águas que permite analisar as atuais condições dos rios e traçar metas para alcançar a qualidade das águas no futuro. Segundo o último relatório, por exemplo, rios urbanos de Maringá estão nas últimas posições.

    Elaborado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica Piraponema, responsável pelo Pirapó e Paranapanema 3 e 4, o enquadramento classifica os rios em classes que vão desde de classe especial, que significa águas mais limpas, até a classe quatro, a pior classificação.

    Com o enquadramento montado, o Comitê vai apresentar os relatórios para a sociedade e, juntos, buscar opções para melhorar a qualidade dos rios.

    “O objetivo é pensar no futuro: como a gente quer que os rios estejam classificados? O rio que está lá na classe quatro, pode ir melhorando gradativamente”, diz Everton Souza, diretor de gestão de bacias hidrográficas do Instituto de Águas do Paraná.

    Segundo Souza, os rios da região de Maringá são classificados nos extremos, de especial a pior classe. Segundo ele, a poluição, a falta de tratamento de esgoto em algumas regiões e o uso de fertilizantes na agricultura são alguns dos fatores que impactam nos rios.

    “No Piraponema e demais comitês do Paraná, os problemas são os rios urbanos, que recebem a poluição difusa das cidades. Uma preocupação também é com a agricultura. O uso de fertilizantes aumenta a carga orgânica e isso pode transformar uma água boa em ruim”, explica.

    Solução depende da sociedade e poder público

    Para o diretor de gestão de bacias hidrográficas, os problemas dos rios só podem ser resolvidos com ações da sociedade, com ampla participação do poder público, que tem a responsabilidade de fiscalizar o uso e o manejo do solo e de proporcionar condições de saneamento básico.

    Maringá é a sétima cidade do Brasil e a terceira do Paraná no ranking de acesso a saneamento básico, conforme a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária Ambiental (Abes), mesmo assim, os rios urbanos estão poluídos.

    No último relatório divulgado pelo Instituto das Águas do Paraná, a qualidade das águas de trechos do Ribeirão Morangueira, que vai da nascente até a foz do Rio Pirapó, e do Ribeirão Maringá, que vai da nascente até a foz do Rio Pirapó, atendem as duas piores classificações, a 3 e 4.

    Outro trecho com classificação 4 é do Rio Pirapó até a confluência com o Ribeirão Caviúna. A mina d’água que dá origem ao rio que abastece 85% da população de Maringá nasce embaixo de uma construção de madeira.

    “Outro processo necessário é que a população saiba a necessidade da interligação da rede de esgoto. Tem muito consumidor que não está ligados na rede de esgoto, mas pagam esgoto e continuam lançado detritos nas águas pluviais”, afirma Everton Souza.

    Segundo ele, para se chegar no enquadramento pretendido, são necessários investimentos  do poder público e da iniciativa privada, como das indústrias no tratamento dos seus dejetos e dos próprios rios.

    “Não vai ter rio limpo sem melhorar o processo de tratamento. É um processo lento, de readequação de sistemas. Se vai ser repassado o preço final do esgoto para o consumidor, isso é relativo, mas a alguém vai pagar por essas melhorias e ampliação dos serviços”, conclui.

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