A greve dos caminhoneiros chega ao terceiro dia sem dar sinais de recuo diante da proposta apresentada pelo governo federal, angaria apoios de outros segmentos de transportes e produtivos, se fortalece e, assim, os problemas de logística em setores da economia nacional, inclusive maringaense, começam a se tornar públicos.
De forma mais acentuada e visível, os segmentos que já sentem consequências mais sérias são os que trabalham com produtos perecíveis, como hortifrutigranjeiros, embutidos, carnes, congelados e panificados. Em Maringá, ainda não há problemas graves de abastecimento à população, mas isso, segundo os empresários, é uma questão de tempo.
A Cooperativa Central Aurora Alimentos informou na manhã desta quarta-feira (23/5) que paralisará totalmente as atividades das sete indústrias de processamento de aves e oito de suínos em Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul nesta quinta e sexta-feiras (24 e 25/5). Deixarão de ser abatidos 2 milhões de frangos e 40 mil suínos.
Em nota enviada nesta manhã, a prefeitura informou que “há risco de desabastecimento de combustível em Maringá, especialmente diesel” e que para evitar paralisação do transporte coletivo, a secretaria de Mobilidade Urbana e a TCCC estudam alternativas para preservar o funcionamento do sistema”.
Acrescenta que “uma das medidas será a desativação de linhas em períodos de baixo movimento para concentrar o fluxo de ônibus nos momentos de pico”. A planilha com as linhas e horários que ficarão sem transporte em determinados horários ainda está em fase de elaboração pela empresa.
A comercialização na Ceasa de Maringá, na terça-feira ( 22/5), sofreu uma queda de 40%, informou o gerente da central, Paulo Cesar Venturin. Normalmente circulam por lá (às terças, quintas e sextas) de 300 a 350 caminhões por dia e são vendidos em média 150 mil quilos de produtos. “É só fazer as contas para ver a queda”, sugeriu Venturin.
Uma distribuidora de Maringá de panificados congelados, frios e embutidos, que pediu para não ser identificada, informou nesta manhã (23/5) que 80% da sua frota de caminhões refrigerados não circularam nos últimos dois dias, deixando de atender clientes importantes na região. Na terça, dois deles que iam para Londrina tiveram que retornar.
O responsável pela logística disse que nesta manhã conseguiu enviar um dos caminhões para o destino, utilizando rotas alternativas, passando por dentro de várias cidades para evitar os bloqueios. “Isso encarece o frete e não há nenhuma segurança de que essas rotas alternativas não serão bloqueadas. Estamos tendo prejuízo”, disse a fonte.
O presidente do Sindicato Rural de Maringá, José Antônio Borghi, disse que, independente dos eventuais problemas causados pela paralisação dos caminhoneiros, “os produtores rurais são solidários ao movimento, porque as altas desenfreadas nos preços dos combustíveis afetam toda a sociedade. O problema do Brasil é a carga tributária”.
Quanto aos problemas de abastecimento, Borghi lembrou que “o Brasil é movido a caminhão e a falta de alguns produtos é só uma questão de tempo, mas não podemos continuar sendo manipulados pelo governo”. A greve dos caminhoneiros também conquistou o apoio dos moto boys e moto táxis de Maringá.
No final da tarde desta quarta-feira eles prometem realizar uma manifestação de apoio ao movimento. Devem se concentrar na Praça da Catedral, às 17h30, e de lá seguir pelas avenidas Tiradentes, São Paulo e Morangueira, até o posto G10, saída para Astorga, onde os caminhoneiros estão concentrados.
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