O estrago na vida de uma educadora do CMEI Desembargador Zeferino Mozzato Krukoski, no Conjunto Thaís, já foi feito, mas a acusação segundo a qual a servidora levava crianças pelo braço até o banheiro, empurrava suas cabeças dentro do vaso sanitário e dava descarga para punir atos de indisciplina não foi confirmada pela prefeitura.
No entanto, o inquérito policial presidido pelo delegado do 1º Distrito Policial, Luiz Henrique Vicentin, ainda está em andamento, sob sigilo. Na tarde desta quinta-feira (25/1), o delegado adiantou apenas que as conclusões das investigações deverão ser encaminhadas ao Ministério Público até o final de fevereiro.
A sindicância da secretaria de Recursos Humanos da Prefeitura de Maringá não encontrou indícios de veracidade na denúncia e o processo foi arquivado. A psicóloga e a assistente designadas para investigar o caso não encontraram sinais de que atos de violência foram praticados contra as crianças. A professora, que caiu em depressão, passa por tratamento.
Tudo começou quando uma mãe viu a filha de 4 anos ameaçando colocar a cabeça da boneca dentro do vaso sanitário e dar descarga, “se ela não parasse de fazer bagunça”. A mãe perguntou porque a criança estava fazendo aquilo e a menina respondeu que a professora da creche tinha feito o mesmo com o seu melhor amigo.
A história correu entre as mães e no dia 8 de novembro do ano passado um grupo delas realizou um protesto na frente do CMEI e denunciou o caso publicamente, inclusive na polícia. A professora também registrou um Boletim de Ocorrência por ter sofrido ameaças e foi temporariamente afastada das funções pela secretaria municipal de Educação.
Sem indício de materialidade, diz secretário
O secretário de Recursos Humanos da prefeitura, César Augusto de França, disse na manhã desta quinta-feira (25/1) que a psicóloga e a assistente ouviram dez servidoras e servidores do CMEI e todas as crianças da sala, uma por uma. “Não foi constatado o mínimo indício de materialidade de qualquer irregularidade”, afirmou.
França disse que as crianças, especialmente os dois meninos que teriam sofrido as agressões, de acordo com o relatório que tinha em mãos, “falaram tranquilamente sobre o assunto, se comportaram com naturalidade, sem medo da simulação ou trauma do local. Esse comportamento não é compatível com vítimas de violência”.
Também disse que as dez servidoras do CMEI ouvidas, sem exceção, relataram que a educadora, que ingressou no quadro de servidores em 2004, “é uma pessoa calma, tranquila, colaborativa e carinhosa com as crianças”. Acrescentou que “diante do que foi apurado, não poderia fazer outra coisa a não ser determinar o arquivamento do processo”.
O relatório da psicóloga e da assistente e o trabalho da comissão de sindicância foram concluídos no dia 18 de dezembro de 2018 e o despacho do secretário determinando o arquivamento ocorreu no dia 16 de janeiro, mas ainda não foi publicado no Órgão Oficial do Município e nem expedidas as notificações aos envolvidos.
A denúncia também está sendo investigada em inquérito policial presidido pelo delegado Vicentin, que um dia após a manifestação das mães na frente do CEMEI já passou a ouvir mães e crianças, que segundo o conselheiro tutelar Carlos Bonfim, teriam confirmado os castigos.
O conselheiro tutelar Carlos Bonfim, que encaminhou à Polícia Civil as mães e as crianças que teriam sofrido os castigos, disse na manhã desta sexta-feira (26/1), após ler a reportagem, que acredita “na imparcialidade das investigações policiais que estão em curso”. Segundo ele, “as escutas qualificadas feitas polícia indicam sim que houve violência”.
- Primeira atualização foi feita às 15h44 desta quinta-feira (25/1), com a inclusão da fala do delegado Luiz Henrique Vicentin.
- Segunda atualização foi feita às 12h45 desta sexta-feira (26/1), com a inclusão da fala do conselheiro tutelar Carlos Bonfim.
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