Ao lado dos pontos de ônibus instalados provisoriamente na Praça Raposo Tavares os revendedores de passagens clandestinas do transporte coletivo fazem as contas. Com o aumento de preço na passagem, anunciado pelo vice-prefeito Edson Scabora, de R$ 3,40 para R$ 3,60, para quem usa o cartão Passe Fácil, o comércio clandestino também terá reajuste até o final do mês.
“Temos um preço padrão de R$ 3, que quase todo mundo faz. Agora que vai subir, o nosso também deve mudar um pouco, mas a gente ainda precisa conversar. Vai dificultar mais para o troco agora”, declarou um vendedor, que pediu para não ser identificado.
Estes vendedores compram as passagens de trabalhadores que recebem o vale-transporte, mas não usam o ônibus. Eles ficam com o cartão e, a cada venda, entregam o Passe Fácil ao passageiro e o recebem de volta pela janela do coletivo.
A revenda de passagens clandestina é prática comum há vários anos. O vendedor ambulante, bem como o titular do cartão, podem sofrer sanções pela prática. No caso de cartão vinculado ao emprego, há o risco da pessoa perder o benefício e criar até uma justificativa para ser demitido por justa causa.
Questionado sobre a revenda de passagens clandestinas nos pontos de ônibus, o secretário de Mobilidade Urbana, Gilberto Purpur, disse que várias medidas foram tentadas em anos anteriores, mas há muita dificuldade em coibir a prática.
“Foram tentadas algumas ações, mas a informação acaba vazando e ao chegar lá, não tem mais ninguém. De toda forma, não há prejuízo algum à prefeitura. Caso exista perdas para a empresa, a concessionária também pode tomar alguma atitude”, disse.
Passageiros reclamam do anúncio de aumento
O serviço de wi-fi, mesmo com funcionamento amplo e bem-recebido, além da implantação de novos horários em linhas com maior número de passageiros, não foi suficiente para satisfazer aos usuários. Para a diarista Izabel Pereira “fizeram algumas melhorias, mas agora cobram”.
A também diarista Miriam Dias disse que não vê melhora e que “ninguém que trabalha e usa todo dia está satisfeito. Tem dia que a gente fica esperando mais de 40 minutos para fazer a integração”.
Sara Martins, comerciante da região, apresentou uma visão mais otimista. “As pessoas gostam da internet, ajuda a distrair e a passar o tempo no caminho entre a casa e o trabalho”, disse.
O estudante Vinícius Luiz, que usa a linha 466 para ir ao terminal e depois outra linha para o trabalho, também critica a integração. “Não é pensado, tem dias que fico esperando bastante tempo porque os horários não batem. Pode dar certo ou atrasar mais de meia-hora, dependendo do dia e do horário.”
Paulo Silva é garçom e também relata dificuldades no deslocamento ao trabalho. “Final de semana é melhor ir de bicicleta, porque a hora que a gente sai do serviço já não tem mais nenhum horário de circular. Não é muito seguro, mas é o que dá pra fazer sem gastar muito”, afirmou.
As linhas conhecidas como “Corujão”, que atendiam nas madrugadas, e “Expressinho”, de padrão melhor, foram desativadas pela Transporte Coletivo Cidade Canção (TCCC) em 2015. A mudança foi motivada pela “pouca demanda dos passageiros”, de acordo com o divulgado à época.
Para novas linhas, precisa existir demanda
Questionado sobre os serviços da TCCC, o secretário de Mobilidade Urbana, Gilberto Purpur, disse que uma série de medidas têm sido adotadas pela atual administração para melhorar o transporte coletivo.
Em relação às reclamações de horários, ele explicou que toda a programação das linhas é baseada numa demanda dos passageiros e as readequações acontecem. Ele orienta aos passageiros que tiverem problemas, a registrar as queinas pelo telefone 156.
“Sempre depende da demanda e da rotatividade. Se o ônibus circular vazio, há custo e falta arrecadação para pagar, o que encarece a passagem. Sobre os horários da madrugada, sempre que foi tentado, não houve demanda. Precisamos receber um pedido claro de como pode ser feito para poder oferecer um serviço eficiente”, explicou.
Purpur também contou como funciona a definição dos horários. Em alguns bairros, lembra o secretário, há mais de uma linha no mesmo horário, enquanto em outros há um intervalo de tempo maior.
“Tudo depende da demanda, de ter gente nos ônibus. Nos horários de pico têm superlotação mesmo com outro ônibus menos de 5 minutos depois, que trafega com metade da ocupação”, disse.
Ainda em 2018, de acordo com a Semob, uma empresa será contratada para fazer um estudo e análise geral do transporte coletivo de Maringá, mas ainda não há licitação aberta.
Em estudo recente realizado pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá (Codem) foi constatado que a cidade tem a menor quantidade de ônibus ofertados por habitantes entre os maiores municípios do Paraná.
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