Eu estava entre três coisas diferentes para discutir hoje: O aniversário de 50 anos do Código de Barra, que é uma história de sucesso das tecnologias invisíveis; os esforços recentes dos Estados Unidos de copiar os piores aspectos da China (artigo em inglês); e um post extremamente pessoal onde eu discutiria o quanto o sistema Windows parece ter piorado ainda mais nos 2 anos que eu fiquei longe dele após migrar para Linux em definitivo.
Mas algo mais gritante apareceu. Mais imediato. Os EUA se tornando cada vez mais autoritários e repressivos é um processo que começou quando eu nem era gente direito, o código de barras estará ‘fazendo 50 anos’ durante todo o ano de 2024, e reclamar do Windows todo mundo faz desde o Windows 1.0 em 86. – Essa história, no entanto, é impossível de ignorar. Falo do “Mouse por assinatura”.
Isso mesmo: Mouse por assinatura!
Em uma entrevista à um podcast para entusiastas, uma executiva da empresa de periféricos Logitech, Hanneke Faber, falou da possibilidade de vender um “mouse que usuários usariam para sempre”, e que tal possibilidade “Não estava longe”.
Quando questionada sobre o que isso significava, falou de um mouse que receberia atualizações através de um modelo de assinatura.
Agora. Eu sou obrigado a questionar do que diabos Hanneke Faber está falando. Afinal, e eu duvido ser o único, eu só troco de mouse quando meu mouse atual quebra – E eu sou um entusiasta de tecnologia que sempre quer um gadget novo.
Estamos falando de uma tecnologia extremamente madura, que não mudou quase nada desde meados de 2006, com o aparecimento do mouse ótico sem fio. Não há muito o que mudar em um mouse, até mouses caros (como modelos “gamer” ou modelos profissionais) são só… Mouses. Mas com alguns botões a mais e um sensor mais preciso.
Mas é claro, o que a Logitech está fazendo não acontece em um vácuo: Faz parte de uma tendência na indústria tecnológica (e outras indústrias adjacentes), de transformar tudo em uma assinatura mensal/anual. Tudo em um aluguel.
Fomos de poder comprar filmes em DVD/Blu-Ray para pagar assinatura do Netflix, para pagar assinatura de meia dúzia de serviços de Streaming separados. Serviços como GeForce NOW e Microsoft GamePass têm obtido sucesso, e executivos da indústria de jogos já falam de gamers “terem de se acostumar a não serem mais donos de seus jogos”. Aplicativos profissionais como Microsoft Office e o pacote Adobe não são mais comprados, mas alugados.
No espaço do hardware, a HP obteve sucesso com um modelo de aluguel de impressoras para negócios, que promete peças de maior qualidade e atualizações frequentes, a troco do usuário não ser dono de sua própria impressora.
Apesar do tanto que eu reclamo (e continuarei a reclamar, obrigado) – Se a atitude do consumidor é alguma indicação, este modelo de mercado baseado em aluguel é um modelo vencedor.
E dando à Logitech o devido crédito, eles deixaram claro que seu novo mouse-por-assinatura seria feito de peças extremamente resilientes, e pensado para ser ‘consertável’, com peças podendo ser enviadas ao usuário em caso de falha mecânica e facilmente instaladas. Faber inclusive citou a redução na pegada de carbono que um aparelho assim poderia acarretar. (… Claro, eles podiam só. Vender um mouse consertável e as peças, mas ei, lucro.)
A pergunta, então, é se pagar 200 dólares, preço que Faber disse que o novo dispositivo deve custar, e mais os 20 dólares de mensalidade vale a pena em troca das vantagens que teria.
Escrito por Vitor Germano para o Maringá Post
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