Uma curtinha dessa vez. Só uma notícia recente que capturou minha atenção.
Governos tendem a ser instituições particularmente lentas em se adaptarem – Faz parte da própria natureza deles, burocrática e aderente às regras. Como tal, o mundo de constante transformação da tecnologia costuma deixar ele comendo poeira.
Eu me lembro que no segundo ano da faculdade, um professor nosso pediu um trabalho gravado em DVD. A questão é que da turma inteira eu acho que era o único que ainda tinha um notebook capaz de gravar DVDs. Nem sei o que o resto da turma fez, mas me lembro de que na aula da entrega, estava eu abraçado no meu notebook, ouvindo o ruído sinistro produzido pelo motor de um drive de DVD que eu não tinha usado nenhuma vez desde a aquisição da máquina, rezando pro drive funcionar pra dar pra entregar o trabalho do meu grupo.
Imagine, então, se meu professor tivesse pedido o trabalho em disquete.
Parece surreal, falar de disquetes em 2024.
Capaz de, em sua iteração mais “moderna”, o disquete de 3 polegadas de alta densidade, armazenar apenas 1.44 Megabytes (essa página da web que você está lendo é mais pesada que isso), o formato já é considerado ultrapassado há muito tempo.
De fato, quando eu comecei a usar computadores, em meados de 98, eles já eram considerados antiquados, vistos em computadores mais velhos. Hoje em dia, estamos para chegar na terceira geração que nunca sequer viu um disquete sem ser como “o botão de salvar” em certos aplicativos. 💾
Mas aparentemente em vários países de primeiro mundo, em repartições públicas e em operações militares, até hoje o disquete é uma constante. Mas pelo menos no caso do Japão, isso parece ter finalmente mudado.
Isso mesmo. Oito dias atrás, Julho de 2024, o governo japonês declarou vitória na “guerra contra o disquete”. O povo japonês conquista sua liberdade da “tirania do disquete” depois de dois anos de reformas burocráticas e atualizações tecnológicas.
Mais de mil regulamentos do país exigiam que documentos fossem tramitados no formato obsoleto, mantendo os discos em si em produção, bem como gerando todo um mercado para adaptadores de disquete compatíveis com computadores modernos.
Outro país que só deve deixar o formato para trás este ano é a Alemanha. Por enquanto, os navios de guerra antissubmarino da marinha alemã todos dependem de disquetes – E não são sequer os disquetes de 3 polegadas que representaram a última e mais “moderna” iteração da tecnologia, mas os disquetes de 8 polegadas, a primeira versão do formato, criada na década de 70 para uso em mainframes.
O sistema utiliza os disquetões para funções essenciais. – E devido à importância destes para a operação, eles não podem simplesmente ser abandonados. Agora, a marinha alemã busca uma solução de emulação, para que possa preservar compatibilidade com seu sistema antigo.
Nos EUA, o sistema de controle dos trens de São Francisco (Califórnia) até hoje depende dos disquetes. Enquanto o exército Americano usou do formato até 2019 em seu sistema de comando estratégico automatizado (SACCS, Strategic Automated Command and Control System).
Talvez haja uma pequena vantagem em nossas instituições brasileiras só terem realmente adotado a informática do começo dos anos 90 para a frente.
Escrito por Vitor Germano para o Maringá Post
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