Síndrome de Burnout – Como está a sua saúde mental?

Segundo a OMS, cerca de 33 milhões de trabalhadores brasileiros apresentam sintomas da Síndrome de Burnout.

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    Por Elaine Marques, estagiária de Jornalismo

    Você consegue lidar bem com as responsabilidades diárias, os vários compromissos, as múltiplas funções e as inúmeras informações do dia a dia sem se sentir cansado ou desanimado para seguir em frente?

    A Síndrome de Burnout, ou Síndrome do Esgotamento Profissional, é um distúrbio emocional caracterizado por exaustão extrema, estresse e esgotamento físico, geralmente causado por situações de trabalho desgastantes, que exigem alta competitividade ou responsabilidade.

    No Brasil, a síndrome só foi reconhecida como doença ocupacional por meio da CID-11, código QD85, da Organização Mundial da Saúde (OMS). Desde então, passou a ser tratada como questão de saúde pública, com impactos na legislação trabalhista e nas políticas de saúde. Segundo a OMS, cerca de 33 milhões de trabalhadores brasileiros apresentam sintomas da doença.

    Em agosto de 2024, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) atualizou a Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), determinando que empresas implantem programas para identificar e minimizar riscos psicossociais no ambiente de trabalho.

    Para entender mais sobre o tema, a reportagem conversou com a psicóloga clínica Jocemara de Jesus (CRP 08/4212), especialista em Terapia Familiar Sistêmica e Terapia Cognitivo-Comportamental.

    Segundo ela, o burnout está diretamente ligado à sobrecarga de responsabilidades e cobranças relacionadas ao trabalho. O diagnóstico não é feito por exames físicos, mas pela análise do contexto e das queixas do paciente, que frequentemente relata excesso de trabalho, cobranças intensas e metas difíceis de alcançar.

    Os sintomas se assemelham aos da depressão, mas, no burnout, há um estresse crônico que impede a produção. “Não é apenas cansaço. É um esgotamento físico e mental que impede de relaxar”, afirma Jocemara.

    Entre as características comuns estão:

    • Esgotamento físico e mental: a pessoa reconhece sua função e responsabilidades, mas a falta de energia impede a execução das tarefas.
    • Despersonalização: mantém preocupação com o trabalho, mas fica emocionalmente distante, sem motivação.
    • Incapacidade: sentimento de não conseguir realizar o que precisa ser feito, mesmo tendo consciência das responsabilidades.

    De acordo com a psicóloga, casos frequentes ocorrem entre trabalhadores que não tiram férias ou folgas, que precisam lidar com longas jornadas, metas elevadas e cobranças constantes. O resultado é a ausência de vida social e a sobrecarga mental e física, prejudicando tanto o colaborador quanto a empresa.

    Ela observa que a falta de gestão humanizada aumenta a incidência da doença, que poderia ser evitada com rodízio de funções e mais atenção aos sinais. “Quando chega ao quadro de burnout, a recuperação exige tempo e, muitas vezes, o afastamento do trabalho. Não é possível estipular um prazo fixo para a melhora, pois cada caso é único”, explica.

    Jocemara aponta que pessoas perfeccionistas, que não delegam tarefas e têm dificuldade para dizer “não”, são mais propensas à síndrome. Profissionais da saúde, bombeiros e professores também estão entre os mais afetados, devido à grande responsabilidade sobre o outro.

    A doença está associada a atitudes de gestão como falta de reconhecimento, ambiente de competição, cobrança exagerada e metas excessivas. Entre as complicações decorrentes do estresse crônico estão distúrbios do sono, problemas de memória, disfunções alimentares e doenças gastrointestinais. Pessoas com ansiedade têm risco aumentado.

    O burnout, segundo ela, é um problema de saúde pública que afeta a produtividade e aumenta o risco de erros no trabalho. “Prevenir o burnout é responsabilidade compartilhada: do indivíduo, que aprende o autorrespeito; da liderança, que escuta e acolhe; e da empresa, que cuida das pessoas, não apenas dos resultados”, afirma.

    O tratamento envolve terapia, afastamento das atividades e, em alguns casos, acompanhamento psiquiátrico. “Há pacientes que não conseguem sequer passar em frente à empresa onde trabalhavam”, relata.

    Para prevenir a síndrome, Jocemara recomenda:

    1. Aprender a dizer não quando necessário.
    2. Incluir diariamente atividades de autocuidado.
    3. Estabelecer limites claros entre trabalho e vida pessoal.
    4. Observar sinais de alerta, como irritação, insônia, dificuldade de concentração, desânimo e cansaço constante.
    5. Fazer psicoterapia.

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