Consumo exagerado de energéticos afeta o sistema nervoso

No sistema cardiovascular, o exagero da bebida pode levar ao aumento da frequência cardíaca e pressão arterial, arritmias e maior risco de complicações.

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    Em meio à rotina acelerada e à busca incessante por mais energia, os energéticos se tornaram companheiros frequentes dos jovens. Prometendo um impulso instantâneo para enfrentar o cansaço, essas bebidas carregadas de cafeína e outros estimulantes conquistaram um público vasto.

    No entanto, por trás da promessa de energia, especialistas alertam para os impactos significativos que o consumo excessivo e regular de energéticos pode causar no corpo.

    O consumo exagerado de energéticos pode trazer uma série de riscos à saúde, principalmente devido à alta concentração de cafeína. No sistema cardiovascular, o exagero da bebida pode levar ao aumento da frequência cardíaca e pressão arterial, arritmias e maior risco de complicações, especialmente em indivíduos predispostos. 

    A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o consumo de cafeína é de 400mg/dia, equivalente a cerca de quatro latas da bebida. No entanto, no Brasil, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas não Alcoólicas (ABIR), o consumo por habitante ao ano foi de 400ml para 870ml entre 2011 e 2021.

    “No âmbito neurológico, o excesso pode causar insônia, ansiedade, tremores, dores de cabeça e, em casos extremos, convulsões e alucinações. Além disso, problemas gastrointestinais como náuseas e desconforto abdominal, e desidratação devido ao efeito diurético da cafeína, são preocupações relevantes”, explica Edson Issamu Yokoo, neurologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo. 

    Um estudo realizado pela Scanntech e publicado no Jornal da USP apontou que o volume de vendas de energéticos cresceu 15% entre janeiro e agosto de 2024 em comparação com o mesmo período do ano anterior.

    Por que o energético mexe com o sistema nervoso?

    O motivo está relacionado aos ingredientes estimulantes presentes na fórmula dessas bebidas, especialmente a cafeína. Essa substância, quando consumida em grandes quantidades, age diretamente no sistema nervoso central, aumentando a liberação de neurotransmissores como adrenalina e dopamina.

    “Esse efeito estimula uma resposta de alerta no corpo, o que pode ser benéfico em doses moderadas. Com o uso exagerado, o organismo entra em um estado de hiperatividade que interfere no equilíbrio natural do sistema nervoso, resultando nos sintomas mencionados. Essa superestimulação pode sobrecarregar o cérebro e o sistema cardiovascular, desencadeando reações extremas nos casos mais graves”, ressalta o neurologista.

    Segundo o especialista, além da alta dose de cafeína, muitos energéticos contêm outros estimulantes, como taurina e guaraná, que podem potencializar os efeitos da cafeína e prolongar seus impactos no organismo. A combinação dessas substâncias pode levar a um estado de excitação contínua, dificultando o relaxamento.

    “As pessoas precisam estar conscientes dos riscos associados ao consumo indiscriminado de energéticos. Embora possam oferecer um alívio momentâneo para o cansaço, seus efeitos a longo prazo no sistema nervoso podem ser prejudiciais. É sempre recomendável buscar fontes de energia mais saudáveis, como uma alimentação equilibrada, sono adequado e a prática regular de atividades físicas”, finaliza Yokoo.

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