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Mais da metade dos pacientes diagnosticados com alguns tipos de câncer relacionados ao tabaco no Brasil não sobrevive à doença, de acordo com um estudo divulgado pela Fundação do Câncer nesta quarta-feira (27), Dia Nacional de Combate ao Câncer.
O estudo, intitulado “Impactos do tabagismo além do câncer de pulmão”, aponta que, em alguns casos, a letalidade ultrapassa 80%, como no câncer de esôfago. Outros tipos de câncer tabaco-relacionados incluem cavidade oral, estômago, cólon e reto, laringe, colo do útero e bexiga.
O estudo analisou a incidência, mortalidade e letalidade de sete tipos de câncer relacionados ao tabagismo, ressaltando que o cigarro continua sendo um dos principais causadores de câncer e mortes evitáveis no Brasil.
Em entrevista à Agência Brasil, Alfredo Scaff, consultor médico e coordenador do estudo, destacou a importância de conscientizar a população sobre os riscos do tabagismo, não apenas como causador do câncer de pulmão, mas também de outros tipos de câncer igualmente graves.
Atualmente, o câncer é a segunda maior causa de morte no Brasil, com 239 mil óbitos em 2022 e 704 mil novos casos estimados para 2024, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Os cânceres relacionados ao tabagismo foram responsáveis por 26,5% das mortes por câncer em 2022 e representam 17,2% dos novos diagnósticos esperados para este ano.
O estudo detalhou as taxas de letalidade de diferentes tipos de câncer relacionados ao tabaco:
- Câncer de cavidade oral: 43% nos homens e 28% nas mulheres, com maior letalidade entre homens no Nordeste (52%) e entre mulheres no Norte (34%).
- Câncer de esôfago: Letalidade superior a 80% em todas as regiões, chegando a 98% entre homens no Sudeste.
- Câncer de estômago: Letalidade de 71%, com o maior índice no Norte (83%).
- Câncer de cólon e reto: 48% entre homens e 45% entre mulheres.
- Câncer de laringe: 65% entre homens, com variação de 48% a 88% entre mulheres nas diferentes regiões.
- Câncer do colo do útero: 42%, com alta incidência no Norte.
- Câncer de bexiga: 44% em homens e 43% em mulheres.
Scaff alertou que os compostos do tabaco têm um forte impacto nas células epiteliais, aumentando o risco de vários tipos de câncer. As substâncias contidas nos produtos derivados do tabaco passam pela boca, orofaringe e laringe, e uma parte deglutida vai para o esôfago, o que contribui para a alta incidência de câncer nesses órgãos.
O câncer, destacou Scaff, é uma cadeia de eventos complexos, e o tabagismo desempenha um papel significativo no desenvolvimento desses cânceres, reforçando a necessidade de medidas preventivas e de conscientização pública.
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