Parar de fumar pode reduzir risco de diabetes tipo 2 em até 40%, revela estudo

A Sociedade Brasileira de Diabetes explica que o cigarro contribui para o aumento do risco de complicações em diabéticos.

  • Um estudo recente da Organização Mundial da Saúde (OMS), em colaboração com a Federação Internacional de Diabetes e a Universidade de Newcastle, revela uma conexão vital entre o tabagismo e o aumento do risco de diabetes tipo 2. O relatório, divulgado pela Folha S. Paulo, enfatiza que a cessação do tabagismo pode diminuir o risco de desenvolver essa doença crônica em até 40%.

    No Brasil, a prevalência de diabetes é alarmante, com 10,2% da população afetada, segundo o inquérito telefônico Vigitel. A maioria desses casos, cerca de 90%, são de diabetes tipo 2. Esta condição é frequentemente ligada a um estilo de vida sedentário e maus hábitos, incluindo o tabagismo.

    A OMS classifica o diabetes como a nona principal causa de morte globalmente, ressaltando que mudanças básicas no estilo de vida, como evitar o tabagismo, podem prevenir a doença. O endocrinologista Clayton Macedo, do Hospital Israelita Albert Einstein, destaca o tabagismo como um dos principais fatores de risco modificáveis para o diabetes.

    O relatório sublinha o efeito do tabaco na capacidade do corpo de regular os níveis de açúcar no sangue, elevando o risco de complicações severas como doenças cardiovasculares, insuficiência renal e cegueira. Outra preocupação é o atraso na cicatrização de feridas em pacientes diabéticos fumantes, aumentando o risco de amputações.

    O estudo também adverte sobre os perigos do tabagismo passivo, aumentando o risco de diabetes não apenas para fumantes, mas também para aqueles expostos ao fumo passivo. Macedo ressalta que, embora o risco diminua após a cessação do tabagismo, ele persiste nos primeiros cinco a dez anos.

    A Sociedade Brasileira de Diabetes explica que o cigarro contribui para o aumento do risco de complicações em diabéticos devido a fatores como obesidade central, altos níveis de cortisol e estresse oxidativo. A nicotina interfere na função das células beta do pâncreas, reduzindo a secreção de insulina.

    Além disso, o tabaco aumenta a resistência à insulina, prejudicando o controle da glicose e potencializando o risco de desenvolver ou descompensar o diabetes, segundo Macedo.

    Jaqueline Scholz, cardiologista e especialista em tratamento do tabagismo, destaca que o tabagismo causa danos vasculares e altera o perfil lipídico, aumentando o risco de doenças cardiovasculares. Ela enfatiza a necessidade urgente de parar de fumar, especialmente para pessoas com condições de saúde como diabetes e hipertensão.

    Macedo alerta sobre os riscos elevados para fumantes com diabetes, incluindo um aumento significativo no risco de doenças cardiovasculares, coronarianas, AVC e insuficiência cardíaca, além do risco alarmante de doença arterial periférica e mortalidade.

    Este estudo reforça a necessidade de políticas eficazes de cessação do tabagismo e conscientização sobre os riscos associados ao fumo, especialmente para pessoas com ou em risco de diabetes tipo 2.

    Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

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