Covid acelera em 50% declínio cognitivo em adultos mais velhos, aponta estudo

Apesar dos resultados preocupantes, há medidas que podem mitigar o declínio cognitivo, como mudanças no estilo de vida e no manejo da saúde.

  • Um estudo alarmante, divulgado pelo jornal “O Globo”, revela que a pandemia de Covid-19 acelerou em 50% o declínio cognitivo de pessoas com mais de 50 anos.

    A pesquisa, que foi publicada na prestigiada revista “The Lancet Healthy Longevity”, indica que as medidas de isolamento e outras restrições tiveram efeitos duradouros e significativos na cognição, estendendo-se além do período dos confinamentos.

    Pesquisadores da Universidade de Exeter e do King’s College London analisaram dados do estudo PROTECT, que acompanha o desempenho cognitivo de milhares de voluntários anualmente. A comparação de resultados pré-pandêmicos com aqueles obtidos durante os dois primeiros anos da crise sanitária demonstrou um aumento substancial no ritmo do declínio cognitivo, afetando inclusive indivíduos não infectados pelo vírus.

    Anne Corbett, professora da Universidade de Exeter e líder do estudo PROTECT, destacou a importância dessas descobertas para as políticas de saúde pública. Segundo ela, os resultados evidenciam a necessidade de questionar se as pessoas com mais de 50 anos correm um risco mais elevado de declínio cognitivo, potencialmente avançando para demência.

    Os pesquisadores identificaram quatro fatores principais que contribuem para o declínio cognitivo acelerado:

    • Redução de exercícios físicos;
    • Aumento no consumo de álcool;
    • Diagnóstico de depressão;
    • Sensação de solidão.

    Dar Aarsland, professor do Instituto de Psiquiatria, Psicologia e Neurociências (IoPPN) do King’s College London, enfatiza que, apesar dos resultados preocupantes, há medidas que podem mitigar o declínio cognitivo. Ele menciona que intervenções no estilo de vida e no manejo da saúde podem ter um impacto positivo na função mental, especialmente em pessoas consideradas de risco.

    Além disso, um estudo da Universidade de Oxford aponta que até 40% dos casos de demência estão associados a fatores modificáveis. Entre esses, condições como diabetes, depressão e hipertensão podem ser gerenciadas para reduzir significativamente o risco de demência. Sana Suri, professora de Oxford, reforça que o controle de tais condições poderia diminuir o risco de demência em até três vezes em comparação a indivíduos da mesma faixa etária sem esses diagnósticos.

    Estes achados sublinham a necessidade de um acompanhamento atento da saúde mental dos idosos, principalmente após grandes eventos disruptivos como a pandemia de Covid-19. As recomendações sugerem que medidas simples e proativas no estilo de vida podem ter um impacto considerável na preservação da saúde cognitiva.

    Foto: Divulgação / Cremerj

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