Um novo medicamento contra a insônia, o lemborexant, avaliado em um amplo estudo no Reino Unido, se revelou mais eficaz que os remédios atualmente disponíveis no mercado para tratar o problema em adultos. Feito por especialistas da Universidade de Oxford e publicado na Lancet, o trabalho explorou os diferentes tratamentos farmacológicos contra a falta de sono. A droga, aprovada nos EUA desde 2019, ainda não está disponível no Brasil. A previsão é de chegada no ano que vem.
Trata-se do maior estudo já realizado sobre o tema. Envolveu 44 mil pessoas em 154 testes de duplo-cego sobre a eficácia e os efeitos colaterais de 36 medicamentos usados comumente no combate à insônia. A metanálise, coordenada pelo psiquiatra Andrea Cipriani, de Oxford, avaliou diferentes aspectos. Abordou a qualidade do sono, os efeitos dos tratamentos, a presença de eventos adversos e as consequências da interrupção da terapia.
Dependência
“O remédio é diferente dos que dispomos hoje no mercado e passa a ser uma nova opção animadora, com evidências mais promissoras”, afirmou a neurologista Márcia Assis, vice-presidente da Associação Brasileira do Sono (ABS). “O estudo mostrou que ele é seguro tanto para induzir o sono quanto para manter o sono e não provoca sonolência durante o dia, como outros remédios, tem baixo risco de dependência e é bem tolerado de forma geral, com poucos eventos adversos.”
A insônia é caracterizada pela dificuldade para adormecer e/ou manter o sono. O problema pode levar a sonolência durante o dia, problemas de memória, dificuldade de concentração e irritabilidade. No longo prazo, a insônia aumenta o risco para doenças cardiovasculares e metabólicas, como diabete e obesidade
No Brasil, de acordo com os números da Associação Brasileira do Sono (ABS), há pelo menos 73 milhões de pessoas com dificuldade crônica para dormir. Embora não sejam recomendados por especialistas, os medicamentos mais usados contra a insônia são os benzodiazepínicos. São remédios como Rivotril, Frontal, Lexotan, Dormonid, entre outros.
Também indicados no tratamento da ansiedade, induzem uma redução da atividade do sistema nervoso central, provocando efeito hipnótico. Embora sejam eficientes, os benzodiazepínicos causam dependência. Se usados por prazo mais prolongado, favorecem o déficit cognitivo. Devem ser usados sob acompanhamento médico.
Antagonistas
Aprovado nos EUA desde 2019 com o nome comercial de Dayvigo, o lemborexant pertence a uma classe de medicamentos distinta. São os chamados antagonistas da hipocretina. Este é um neurotransmissor cujo papel principal é manter o estado de vigília. Ao bloquear esse neurotransmissor, a droga acaba induzindo o sono.
“Esperamos que a nossa análise seja de grande ajuda para médicos buscando o melhor tratamento”, afirmou Andrea Cipriani, principal autor do estudo britânico. “Procuramos por toda informação publicada e não publicada para traçar a mais transparente e abrangente análise.”
Os especialistas frisam que medidas não farmacológicas (sem medicamento) devem ter prioridade no tratamento da insônia. São iniciativas como técnicas de higiene do sono, relaxamento e terapia cognitivo-comportamental.
Estadão Conteúdo / Imagem: freepik
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