Não houve um grande vencedor na cerimônia do Oscar 2019. Vários filmes saíram com as mãos recheadas do evento, que não teve um apresentador oficial. Mas não houve nenhum prejuízo com esta opção, que aconteceu porque o apresentador escalado, Kevin Hart, teve várias mensagens homofobicas reveladas no Twitter.
Bohemian Raphsody, dirigido por Bryan Singer (acusado de estupro, não foi ou teve seu nome citado) ganhou 4 prêmios, dentre eles o de melhor ator, para Rami Malek. Roma, Pantera Negra e Green Book – que levou o Oscar principal da noite, Melhor Filme, além de Ator Coadjuvante e Roteiro Original – ganharam 3 cada um e as outras estatuetas se dividiram.
Fazia muito tempo que uma safra de filmes repartia os prêmios da noite de maneira tão uniforme, sem que houvesse um grande vencedor. A safra 2018/19 mostra-se com uma qualidade uniforme, muitos filmes bons ao mesmo tempo. Nenhum excepcionalmente superior.
Roma, a grande aposta da noite, não levou Melhor Filme. Seria inédito ver uma história contada em língua espanhola atingir tal feito. Ganhou Fotografia, Direção e Filme Estrangeiro. Seu diretor, Alfonso Cuaron, recebeu o prêmio de direção pela segunda vez. O primeiro foi por Gravidade, em 2013.
Aliás, o México parece que se apossou da categoria. Nos últimos 5 anos, em apenas uma oportunidade um diretor não nascido no país latino conseguiu ganhar. Foi em 2016, quando o estadunidense Damien Chazelle arrebatou a estatueta por seu trabalho em La La Land. Cuaron, Guillermo Del Toro e Alejandro González Iñárritu, se revezaram nos últimos anos.
O Oscar de Gravidade foi melhor do que um grande prêmio de loteria para Cuaron. Permitiu que o diretor recebesse o aval da indústria para realizar um projeto tão pessoal quanto Roma. Nele, o diretor fala sobre sua infância, contextualizando toda a história com os problemas que seu país e a America Latina sofreram durante os anos 70.
A diversidade, no entanto, foi a grande vencedora da noite. A premiação tenta se afastar da pecha de ser “muito branca e masculina” e dá a chance de mulheres e artistas afrodescendentes terem seus talentos reconhecidos. Foi a primeira vez que uma Figurinista e uma Diretora de Arte negras foram as vencedoras, por seus trabalhos no filme Pantera Negra.
Além destas categorias, o filme que quebrou barreiras em Hollywood e mundo afora também levou o Oscar de Melhor Trilha Sonora. O jovem artista Ludwig Goransson misturou música clássica, orquestrada, com ritmos africanos e o resultado, brilhante, foi elogiado por todos, artistas ou apreciadores da boa música.
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Green Book: o Guia sofreu uma campanha negativa pouco antes da premiação, com acusações contra o diretor da película e produtor e até mesmo denuncias de que seu roteiro não retratava a verdade da história, vindas dos sobrinhos do personagem retratado. Nada disso impediu que Mahersala Ali levasse sua segunda estatueta de Melhor Ator Coadjuvante.
Glenn Close, infelizmente, foi mais uma vez esnobada pela academia. O prêmio de Melhor Atriz foi para a inglesa Olivia Colman, que também já havia recebido o Bafta e o Globo de Ouro. Foi sua primeira indicação ao Oscar, mas ela já havia chamado a atenção por suas atuações em O Lagosta, de 2015, e na série The Crown, da Netflix.
Spike Lee, após receber uma homenagem pela carreira, ano passado, levou seu primeiro Oscar por Infiltrado na Klan, de melhor roteiro. Lady Gaga ganhou como compositora de Shallow, tema de Nasce Uma Estrela e realizou uma linda apresentação ao lado de Bradley Cooper. A sempre competente Regina King venceu Melhor Atriz Coadjuvante por Se a Rua Bale Falasse, completando a lista.
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