Em Maringá, apenas 24% da população mora em apartamentos, aponta IBGE

Os números constam em uma nova leva de dados do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última sexta-feira (23). Percentual, apesar de baixo, é o maior entre os municípios da região.

  • Em Maringá, são mais de 45 mil apartamentos, com outros 10 mil em construção | Foto: Arquivo/Sinduscon

    Os números constam em uma nova leva de dados do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última sexta-feira (23). Percentual, apesar de baixo, é o maior entre os municípios da região.

    Por Victor Ramalho

    Em Maringá, apenas 24,2% da população mora em apartamentos. Os números constam em uma nova leva de dados do Censo Demográfico 2022, divulgados na última sexta-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    De acordo com o órgão, atualmente são 180.117 imóveis residenciais na Cidade Canção, sendo que 70% deles (ou 109.411 imóveis) são casas e 29% (45.559 imóveis) são apartamentos. Ao todo, 74,6% dos maringaenses moram em casas, segundo o IBGE. Os outros 1,2% da população que não entraram nessa conta estão divididos em outros tipos de moradias, sendo 1,1% em condomínios ou casas de vila e 0,1% em em cortiços.

    Os números chamam a atenção pensando no processo de verticalização ao qual Maringá vivencia nos últimos anos. Além dos mais de 45 mil apartamentos já existentes, existem outros 10 mil apartamentos em construção atualmente na cidade, de acordo com dados do regional noroeste do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-NOPR).

    Segundo o doutor em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e pós-doutor em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ricardo Luiz Töws, os números ilustram que o processo de verticalização em Maringá ainda não é tão atrativo para moradias.

    “O Novo Centro é um exemplo de grande verticalização para negócios e não para moradias. Só observar o número de apartamentos com lâmpadas ligadas à noite. Desde a década de 1980, a verticalização passou a ser um grande negócio para garantir investimentos em tempos de inflação e reformas econômicas. Essa hipótese se confirma em 1994 e nos anos seguintes, quando o Plano Real segurou a inflação, estabilizou a moeda e tirou a pressão sobre os investimentos, sendo o período em que menos edifícios foram aprovados na cidade. Nos anos 2000, com perspectivas econômicas mais instáveis para o mercado, novamente os investimentos tiveram ampliação na construção civil, que é considerado o porto seguro dos investidores conservadores. Em linhas gerais, a maioria das propagandas de vendas de apartamentos destaca o investimento à frente das demais características, como conforto e tamanho”, explica o especialista.

    Töws aborda a temática de forma mais aprofundada no livro “As desventuras do planejamento urbano: o novo centro de Maringá (PR), do Projeto Ágora de Oscar Niemeyer à produção imobiliária do século XXI”, publicado em 2023 pela Universidade de São Paulo (USP).

    O percentual de pessoas vivendo em apartamentos em Maringá, apesar de baixo, é o maior entre os 30 municípios que compõem a Associação dos Municípios do Setentrião Paranaense (Amusep). Com exceção de Maringá, em todos os outros o percentual de habitantes que moram em casas é superior a 90%. Marialva, que é a cidade que mais se aproxima dos números de Maringá, tem apenas 6,1% da população morando em APs. Veja a lista abaixo:

    MORADORES/CIDADE MORANDO EM CASA MORANDO EM APARTAMENTO
    Maringá 74,60% 24,20%
    Sarandi 96,50% 3,10%
    Marialva 93,30% 6,10%
    Paiçandu 99,60% 0,20%
    Ângulo 99,70% 0,25%
    Astorga 98,30% 0,20%
    Atalaia 99,90% 0,10%
    Colorado 98,70% 1,20%
    Doutor Camargo 99,50% 0,30%
    Floraí 98,50% 0%
    Floresta 99,50% 0,10%
    Flórida 100% 0%
    Iguraçu 98,30% 0,10%
    Itaguajé 99,70% 0%
    Itambé 97,50% 0,60%
    Ivatuba 91% 5,70%
    Lobato 100% 0%
    Mandaguaçu 96,50% 3,25%
    Mandaguari 97,80% 1,90%
    Munhoz de Melo 99,30% 0,20%
    Nossa Senhora das Graças 96,02% 0%
    Nova Esperança 94,50% 4,50%
    Ourizona 99,90% 0%
    Paranacity 99,60% 0,20%
    Pres. Castelo Branco 98,70% 0,20%
    Santa Fé 99,90% 0%
    Santa Inês 98,10% 0%
    Santo Inácio 98,40% 0%
    São Jorge do Ivaí 98,50% 1,30%
    Uniflor 100% 0%
    Fonte: Censo Demográfico 2022/IBGE

    Uma realidade nacional

    Também conforme o Censo 2022, em apenas 3 dos mais de cinco mil municípios brasileiros há mais pessoas vivendo em apartamentos do que casas. Tratam-se de Santos e São Caetano do Sul, em São Paulo e de Balneário Camboriú, em Santa Catarina.

    Santos, no litoral paulista, tem 63,4% de sua população vivendo em APs. No litoral catarinense, o percentual é de 57,2% e, em São Caetano, são 50,7% das pessoas morando em apartamentos.

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